O
empreendedorismo na educação revela agradáveis surpresas aos educadores que
vibram com o crescimento dos seus alunos. A mais imediata delas vem do ganho de
maturidade e de vida interior no jovem que experimenta exercer um papel
desafiador no mundo.
Afinal,
empreender é, acima de tudo, um estilo de vida construtora de sonhos. Charles
Lindbergh, pioneiro aviador solitário a atravessar o Atlântico em 1927, disse:
“vivemos hoje os nossos sonhos de ontem”, ensinando que empreendedores são
pessoas que possuem fortes vínculos com o futuro e estão sempre dedicados a
construí-lo, modificando a ordem e promovendo a chamada “destruição criativa”,
a serviço da humanidade de amanhã.
Poucas são as
pessoas dotadas dos dons genéticos do comportamento empreendedor. A grande
maioria delas, conquista esse comportamento por meio da educação difusa, isto
é, adquirida pela cultura local, a partir do exemplo de pessoas próximas,
formadoras de opinião e caráter.
Melhor seria somar a essa cultura a educação
formal nas escolas regulares e nas de educação profissional. Parece existir uma
razoável dose de apatia nos adolescentes em relação à escola. O ensino médio
perde identidade e razão de ser, assim apontam pesquisas para esclarecer os
elevados índices de evasão e desinteresse dos alunos.
Porém,
inúmeras experiências no Brasil e, destacadamente, em Sergipe, demonstram que a
formação empreendedora realizada dentro da escola muda esse cenário. Com
efeito, escola que fomenta o protagonismo juvenil tem menores índices de
violência e depredação patrimonial; têm, seus alunos, melhor desempenho escolar
e mais acesso ao emprego e aos cursos superiores.
Melhora
ainda a escolha vocacional e dá ao estudante maior autonomia na vida, que se
traduz como independência e autoconhecimento. Equivocadamente, uma palavra que
sofre com preconceitos é “empreendedorismo”, uma vez que alguns a associam ao
pensamento capitalista ou neoliberal. Ledo engano.
Ser
empreendedor é ser construtor de sonhos, ser inconformado com a realidade atual
e disposto a lutar para mudá-la em qualquer campo da atividade humana.
Então,
personalidades notáveis como Irmã Dulce, Marechal Rondon, Juscelino
Kubitscheck, Barão do Rio Branco, Barão de Mauá e, até o criativo candidato
Enéas, são exemplos brasileiros de empreendedores, já falecidos, que atuaram em
distintas áreas, sempre com a marca da inovação em suas guerreiras biografias,
dotadas de propósitos claros.
Razão pela
qual estamos ainda hoje citando eles. Minha experiência como educador reforça a
tese favorável ao empreendedorismo. Sob a ótica pedagógica, o ensino do
empreendedorismo na escola atende às indicações da Unesco para a educação no
século XXI, especialmente na consecução de dois dos quatro pilares
recomendados: Aprender a Fazer e Aprender a Conviver.
Por certo,
esses são os pilares mais desafiadores para as escolas, por serem os mais
difíceis de trabalhar em larga escala. Daí a prática orientada do
empreendedorismo e do associativismo surgirem como solução.
Após minha
decepção com as propostas votadas na CONAE 2014, motivo de artigo publicado
nessa mesma coluna (edição 1651), reanimo ao ver alunos secundaristas do Pronatec/Senac-SE
– pelo segundo ano consecutivo -, se destacarem nacionalmente, desta vez em
dois concursos neste final de ano.
Conquistaram
o terceiro lugar no II Prêmio Pronatec Empreendedor e, recentemente, em
Brasília, outros alunos disputaram o Prêmio Nacional de Miniempresas Estudantis
da Junior Achievement, ambos realizados na sede do Sebrae Nacional.
União
perfeita de formação profissional com educação empreendedora. Mais importante
que a projeção que esses jovens conquistam, está a visível, embora infinita,
mudança na interioridade de cada um. Provando assim, que o que faz vencer na
vida são atitudes empreendedoras diante de oportunidades comuns.
Dessas que
são dadas a muitos ou a todos, mas que só os que aprendem a acreditar em si e
desenvolvem a coragem de aceitar desafios, agarram. Parabéns queridos alunos. “Se você pensa que pode ou sonha que
pode, comece. Ousadia tem genialidade, poder e
mágica. Ouse fazer, e o poder lhe será dado”, Goethe.
Publicado
no jornal Cinform de 22/12/2014 – Caderno Emprego