segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Educação Profissional, Empreendedorismo e propósito de vida


O empreendedorismo na educação revela agradáveis surpresas aos educadores que vibram com o crescimento dos seus alunos. A mais imediata delas vem do ganho de maturidade e de vida interior no jovem que experimenta exercer um papel desafiador no mundo.
Afinal, empreender é, acima de tudo, um estilo de vida construtora de sonhos. Charles Lindbergh, pioneiro aviador solitário a atravessar o Atlântico em 1927, disse: “vivemos hoje os nossos sonhos de ontem”, ensinando que empreendedores são pessoas que possuem fortes vínculos com o futuro e estão sempre dedicados a construí-lo, modificando a ordem e promovendo a chamada “destruição criativa”, a serviço da humanidade de amanhã.
Poucas são as pessoas dotadas dos dons genéticos do comportamento empreendedor. A grande maioria delas, conquista esse comportamento por meio da educação difusa, isto é, adquirida pela cultura local, a partir do exemplo de pessoas próximas, formadoras de opinião e caráter.
 Melhor seria somar a essa cultura a educação formal nas escolas regulares e nas de educação profissional. Parece existir uma razoável dose de apatia nos adolescentes em relação à escola. O ensino médio perde identidade e razão de ser, assim apontam pesquisas para esclarecer os elevados índices de evasão e desinteresse dos alunos.
Porém, inúmeras experiências no Brasil e, destacadamente, em Sergipe, demonstram que a formação empreendedora realizada dentro da escola muda esse cenário. Com efeito, escola que fomenta o protagonismo juvenil tem menores índices de violência e depredação patrimonial; têm, seus alunos, melhor desempenho escolar e mais acesso ao emprego e aos cursos superiores.
Melhora ainda a escolha vocacional e dá ao estudante maior autonomia na vida, que se traduz como independência e autoconhecimento. Equivocadamente, uma palavra que sofre com preconceitos é “empreendedorismo”, uma vez que alguns a associam ao pensamento capitalista ou neoliberal. Ledo engano.
Ser empreendedor é ser construtor de sonhos, ser inconformado com a realidade atual e disposto a lutar para mudá-la em qualquer campo da atividade humana.
Então, personalidades notáveis como Irmã Dulce, Marechal Rondon, Juscelino Kubitscheck, Barão do Rio Branco, Barão de Mauá e, até o criativo candidato Enéas, são exemplos brasileiros de empreendedores, já falecidos, que atuaram em distintas áreas, sempre com a marca da inovação em suas guerreiras biografias, dotadas de propósitos claros.
Razão pela qual estamos ainda hoje citando eles. Minha experiência como educador reforça a tese favorável ao empreendedorismo. Sob a ótica pedagógica, o ensino do empreendedorismo na escola atende às indicações da Unesco para a educação no século XXI, especialmente na consecução de dois dos quatro pilares recomendados: Aprender a Fazer e Aprender a Conviver.
Por certo, esses são os pilares mais desafiadores para as escolas, por serem os mais difíceis de trabalhar em larga escala. Daí a prática orientada do empreendedorismo e do associativismo surgirem como solução.
Após minha decepção com as propostas votadas na CONAE 2014, motivo de artigo publicado nessa mesma coluna (edição 1651), reanimo ao ver alunos secundaristas do Pronatec/Senac-SE – pelo segundo ano consecutivo -, se destacarem nacionalmente, desta vez em dois concursos neste final de ano.
Conquistaram o terceiro lugar no II Prêmio Pronatec Empreendedor e, recentemente, em Brasília, outros alunos disputaram o Prêmio Nacional de Miniempresas Estudantis da Junior Achievement, ambos realizados na sede do Sebrae Nacional.
União perfeita de formação profissional com educação empreendedora. Mais importante que a projeção que esses jovens conquistam, está a visível, embora infinita, mudança na interioridade de cada um. Provando assim, que o que faz vencer na vida são atitudes empreendedoras diante de oportunidades comuns.
Dessas que são dadas a muitos ou a todos, mas que só os que aprendem a acreditar em si e desenvolvem a coragem de aceitar desafios, agarram. Parabéns queridos alunos. “Se você pensa que pode ou sonha que pode, comece. Ousadia tem genialidade, poder e mágica. Ouse fazer, e o poder lhe será dado”, Goethe.


Publicado no jornal Cinform de 22/12/2014 – Caderno Emprego


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