O escotismo,
movimento civil criado pelo inglês Baden-Powell no início do século XX, atraiu
centenas de milhões de jovens, de dezenas de países, às suas fileiras nessas
décadas de feliz existência. Pessoalmente, fui privilegiado por ter me engajado
nesse movimento no Grupo Escoteiro Antonio Vieira, integrado ao colégio jesuíta
de mesmo nome, em Salvador-BA. À época, muito me ajudaram na formação do
caráter e da coragem, as grandes aventuras no campo, incluindo a então
desconhecida, Chapada Diamantina. Sou muito grato por ter recebido essa
formação cidadã plena.
O escotismo
sempre pautou sua práxis no respeito ecológico e nos valores humanos, regulada
pela Lei do Escoteiro com seus dez artigos, que objetiva expressar um ideal de
Ser Humano. É relevante dizer da prática pedagógica direcionada ao
desenvolvimento: de habilidades de convivência e sobrevivência; dos conhecimentos
sobre a natureza; da disciplina formadora do caráter; da construção da
autonomia; do autocuidado com a saúde e; do respeito aos valores cívicos e
morais.
Muitas das
atuais recomendações de preservação ecológica já estavam pautadas nos
procedimentos escoteiros há mais de 100 anos. Assim, as atividades de campo
sempre foram realizadas com respeito às populações locais, à fauna e à flora.
Além disso, o escoteiro tem espírito fraternal atuante e uma permanente
disponibilidade de ajudar o próximo; e ainda, é amigo de todos e irmão dos
demais escoteiros, independentemente de origem, classe social, credo, língua e
etnia.
A capacidade
de iniciativa, a cultura do associativismo e o cuidado para com os
necessitados, acrescido da disposição de atuar ao ar-livre e em equipe
(patrulhas), formam os pré-requisitos ideais para o trabalho social. São
qualidades que, infelizmente, parece faltar na maioria dos jovens atuais,
ocupados apenas mentalmente e desorientados sobre como agir no mundo, ampliando
a exposição deles aos riscos.
Vivemos em
um País sacudido pela violência e precário na infraestrutura de serviços ao
cidadão de baixa e média renda. Agrava esse cenário a cultura tão comum em
nossas paragens de buscar resolver problemas nacionais com soluções
individuais, à moda de Macunaíma. Exemplos não faltam: transporte escolar para
universitários, como se fossem crianças; segurança particular; plano de saúde privado;
escola paga e; isolamento crescente (dos que podem) do contato com o povo.
Aos olhos
dos que possuem espírito empreendedor, esse cenário caótico traz inúmeras
oportunidades de realizações bastante recompensadoras. Aliás, entenda-se
empreendedorismo como a capacidade de construir sonhos e não, necessariamente,
montar empresas comerciais. Dessa maneira, aliar as qualidades do escoteiro às
demandas sociais pode ser o foco para o engajamento de jovens brasileiros a
nobres e envolventes causas de ecologia, prioritariamente, urbana. Soma-se a
isso, a oportunidade de formar novos líderes, verdadeiramente conhecedores da
realidade do lugar e dotados de caráter exemplar.
Com efeito,
dotar de competências de gestão de projetos sociais os Escotistas, os Pioneiros
e os Escoteiros Seniores, pode ser o caminho de avanços na prática escoteira do
século XXI. Portanto, um atrativo a mais para o jovem tipicamente urbano
contemporâneo. Dessa forma, não há que se abrir mão dos consagrados fundamentos
do escotismo, mas sim, ampliar as ferramentas e os espaços de atuação civil
desse educativo serviço voluntário. Essa é a proposta deste texto,
especialmente para o Brasil, País de elevada concentração urbana, acarretando
em que cerca de 85% da população ocupa apenas 1,5% do próprio território.
Quem sabe,
hei de ver a minha velha Patrulha Búfalo desenvolvendo um projeto de vacinação
de todos os cães do bairro, protagonizando essa ação articulada com o Poder
Público, a comunidade e as faculdades de veterinária. Modelo de ação cooperada,
de interesse público, integrando vários atores, executada no campo urbano e
capacitante para o trabalho profissional. Esse exemplo é um típico projeto
ganha-ganha, para o benefício de todos, especialmente, para o jovem que esteja
Sempre Alerta para o bem.
Publicado
no jornal Cinform de 15/09/2014 – Caderno Emprego
Ótimo texto ,parece que foi escrito hoje 2017
ResponderExcluirObrigado amigo.
ExcluirÓtimo texto ,parece que foi escrito hoje 2017
ResponderExcluirEntão é possível considerar o escotismo uma iniciativa de empreendedorismo social?
ResponderExcluirSim! O escotismo sob a forma de organização do terceiro setor é uma iniciativa EMPREENDIDA para o social. Mas será muito mais relevante à medida que as suas ações potencializem a realização social e ambiental por meio dos escoteiros. Abs
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