Caro leitor, se
você está lendo este texto, nesse jornal, é porque o mundo não se acabou.
Parece meio esquisito dizer isso, mas assim previam melancólicos intérpretes da
profecia Maia ao afirmar que esse apocalíptico final seria em 21/12/2012.
Brincadeiras à
parte, refleti que os sábios maias não erraram em sua totalidade. Penso que apenas
a modalidade atacadista é que não vingou. Porém, no varejo a profecia deles é
infalível. Não conheci, até aqui, ninguém capaz de sair vivo dessa vida. “Viver
é muito perigoso”, já dizia repetidamente Riobaldo, personagem de Grande Sertão
Veredas, do imortal Guimarães Rosa, por certo, sentenciando nossa frágil vida.
Ao prosseguir nessa
filosófica imersão, chego à conclusão que, efetivamente, não somos desse mundo,
já que a vida média de 70 anos é só uma piscada de olhos diante da vida eterna.
Logo, não somos mesmo daqui, ou melhor, estamos aqui só de passagem.
Os materialistas,
certamente mais apegados à vida que os imortais espiritualistas, talvez tenham
feito alavancagens financeiras impagáveis ao adquirir umas Ferraris sem entrada,
com a primeira parcela para após o apocalipse, devem estar aflitos a pensar
sobre o que dizer hoje ao banco. Para esses, o fim do mundo foi
irremediavelmente contratado.
Seria justo acabar
o mundo assim, sem um por quê? Será que merecemos punição tão severa? Há muita
coisa errada, é fato. Mas, há incontáveis avanços realizados em várias áreas
que melhoram a qualidade de vida das pessoas, inclusive das mais carentes. Por
certo, a humanidade nunca viveu com tanto conforto no planeta, que o digam
nossos antepassados que viviam, em média, apenas 30 anos. Isso é que era o fim
do mundo. Depois da penicilina, por exemplo, vivemos bem melhor.
Muitos de nossos
desafios atuais são quase eternos, como o conflito entre gerações e a crença no
fim do mundo próximo. É possível até se encontrar manifestações, tais como as
citadas pelo inglês Roland Gibson, por conta do início de uma conferência: “O
nosso mundo atingiu o seu ponto crítico. Os filhos não ouvem mais os pais. O
fim do mundo não pode estar muito longe”, que ele afirma ser escrita por um
sacerdote do ano 2000 a.C.
Para finalizar,
apresentamos uma anedota sobre o (quase) fim do mundo, de Rolando Boldrin:
“É o fim do mundo.
O mundo acabou em fogo. Morreu todo mundo.
Acabou-se tudo, como lá diz o outro. Só sobrou sobre os escombros carbonizados
um macaquinho serelepe, sem um arranhão, pra contar a historia do fim. E ai
ele, muito inteligente, pensava alto:
“Agora, sim. Agora eu vou fazer um mundo
diferente, porque o mundo que o homem criou era muito ruim. Nação brigando com
nação, irmão contra irmão… Agora, não. Eu vou construir um mundo cheio de paz…
de tranquilidade… de amor… muita paz… paz… paz.
O mundo que o homem criou era somente guerra…
guerra… e mais guerra. Mas, agora que eu estou sozinho no mundo, vou começar
pela paz.”
Ele pensava lá com ele essas coisas lindas de
macaco quando, para sua surpresa, surge no horizonte um vulto. Mal dava pra se
ver o dito-cujo. Era distinguir o que seria. O que dava para perceber era que
aquele vulto vinha vindo, vinha vindo para o lado onde estava o nosso
personagem, o macaquinho sobrevivente do fim do mundo mau.
Pois bem. Ele foi se esforçando para ver o
que era aquele vulto cada vez mais perto. Ate que finalmente deu para nosso macaquinho
sacar o que estava ali à sua frente.
Toda saltitante, também serelepe, eis que a
segunda personagem se identifica: era uma linda macaquinha.
Nesse instante, o nosso macaquinho leva a mão
direita à testa e exclama (p... da vida):
“Chiii, vai começar a m... tudo de novo.”
Agora, se você não está lendo esse texto, eu
começo a me preocupar de verdade. Mas, independentemente do plano que
estejamos, Feliz Natal e Feliz 2013!
Publicado no jornal Cinform em 24/12/2012 - Caderno Emprego