segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Fim do mundo, atacado ou varejo?



        Caro leitor, se você está lendo este texto, nesse jornal, é porque o mundo não se acabou. Parece meio esquisito dizer isso, mas assim previam melancólicos intérpretes da profecia Maia ao afirmar que esse apocalíptico final seria em 21/12/2012.

     Brincadeiras à parte, refleti que os sábios maias não erraram em sua totalidade. Penso que apenas a modalidade atacadista é que não vingou. Porém, no varejo a profecia deles é infalível. Não conheci, até aqui, ninguém capaz de sair vivo dessa vida. “Viver é muito perigoso”, já dizia repetidamente Riobaldo, personagem de Grande Sertão Veredas, do imortal Guimarães Rosa, por certo, sentenciando nossa frágil vida.

     Ao prosseguir nessa filosófica imersão, chego à conclusão que, efetivamente, não somos desse mundo, já que a vida média de 70 anos é só uma piscada de olhos diante da vida eterna. Logo, não somos mesmo daqui, ou melhor, estamos aqui só de passagem.

     Os materialistas, certamente mais apegados à vida que os imortais espiritualistas, talvez tenham feito alavancagens financeiras impagáveis ao adquirir umas Ferraris sem entrada, com a primeira parcela para após o apocalipse, devem estar aflitos a pensar sobre o que dizer hoje ao banco. Para esses, o fim do mundo foi irremediavelmente contratado.

     Seria justo acabar o mundo assim, sem um por quê? Será que merecemos punição tão severa? Há muita coisa errada, é fato. Mas, há incontáveis avanços realizados em várias áreas que melhoram a qualidade de vida das pessoas, inclusive das mais carentes. Por certo, a humanidade nunca viveu com tanto conforto no planeta, que o digam nossos antepassados que viviam, em média, apenas 30 anos. Isso é que era o fim do mundo. Depois da penicilina, por exemplo, vivemos bem melhor.

     Muitos de nossos desafios atuais são quase eternos, como o conflito entre gerações e a crença no fim do mundo próximo. É possível até se encontrar manifestações, tais como as citadas pelo inglês Roland Gibson, por conta do início de uma conferência: “O nosso mundo atingiu o seu ponto crítico. Os filhos não ouvem mais os pais. O fim do mundo não pode estar muito longe”, que ele afirma ser escrita por um sacerdote do ano 2000 a.C.

     Para finalizar, apresentamos uma anedota sobre o (quase) fim do mundo, de Rolando Boldrin:
  
     “É o fim do mundo.

     O mundo acabou em fogo. Morreu todo mundo. Acabou-se tudo, como lá diz o outro. Só sobrou sobre os escombros carbonizados um macaquinho serelepe, sem um arranhão, pra contar a historia do fim. E ai ele, muito inteligente, pensava alto:

     “Agora, sim. Agora eu vou fazer um mundo diferente, porque o mundo que o homem criou era muito ruim. Nação brigando com nação, irmão contra irmão… Agora, não. Eu vou construir um mundo cheio de paz… de tranquilidade… de amor… muita paz… paz… paz.
O mundo que o homem criou era somente guerra… guerra… e mais guerra. Mas, agora que eu estou sozinho no mundo, vou começar pela paz.”

     Ele pensava lá com ele essas coisas lindas de macaco quando, para sua surpresa, surge no horizonte um vulto. Mal dava pra se ver o dito-cujo. Era distinguir o que seria. O que dava para perceber era que aquele vulto vinha vindo, vinha vindo para o lado onde estava o nosso personagem, o macaquinho sobrevivente do fim do mundo mau.

     Pois bem. Ele foi se esforçando para ver o que era aquele vulto cada vez mais perto. Ate que finalmente deu para nosso macaquinho sacar o que estava ali à sua frente.

     Toda saltitante, também serelepe, eis que a segunda personagem se identifica: era uma linda macaquinha.

     Nesse instante, o nosso macaquinho leva a mão direita à testa e exclama (p... da vida):
“Chiii, vai começar a m... tudo de novo.”

     Agora, se você não está lendo esse texto, eu começo a me preocupar de verdade. Mas, independentemente do plano que estejamos, Feliz Natal e Feliz 2013!


Publicado no jornal Cinform em 24/12/2012 - Caderno Emprego

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Cem anos: do Lua ao Gonzagão, o “Rei do Baião”




A riqueza cultural nordestina manteve-se encoberta por muitos anos. Seus grandes valores alcançavam minimamente outros redutos e, menos ainda, uma escala nacional. Inúmeros artistas da região ficaram famosos ao trilhar a pista asfaltada por Luiz Gonzaga, o Lua, a quem coube o mérito de cantar sua aldeia nos melhores palcos deste País, para fazê-la universal e admirada. Hoje, no centenário do seu nascimento, graças ao seu legado, se tornou fácil ver que “o sertão está em toda parte”, fato que só visionários na década de 1950 poderiam sentenciar, como o fez Guimarães Rosa.

Creio não haver brasileiro que desconheça o verso “Ela só quer, só pensa em namorar”, bem como, quem ignore o amor do nordestino pelo seu torrão natal, mesmo que ciclicamente calcinado pela seca. Ocasião em que lhe resta apelar à natureza ígnea da fé em sua máxima intensidade, igualando homem e terra, no mesmo fervor, ao pedir para serem poupados, uma vez que “inté mesmo a asa branca bateu asas do sertão”.

Dessa saga semiárida vem a resiliência admirável “das muié séria e dos home trabaiador”, fonte do verso contundente, da arte objetiva e sem arrodeio. Um conjunto artístico coerente com a realidade da caatinga, na qual inexistem seres impunes à dor do recolhimento compulsório da vida, na prolongada aridez ou da explosiva reencarnação verde, a festejar o primeiro chuvisco.

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu numa sexta-feira, 13 de dezembro de 1912, já com o DNA de sanfoneiro, herdado do afamado pai Mestre Januário dos oito baixos, na cidade de Exu, sertão pernambucano. Lugar, onde aprendeu a apreciar a arte ouvindo cantadores e artistas populares nas feiras. Ao sentar praça no serviço militar, é transferido para o sudeste do Brasil com o advento da Revolução de 30. Após o afastamento do Exército, inicia seu trabalho como músico profissional no Rio de Janeiro, onde atuou como sanfoneiro nas gravações de cantores da época, fato que chama a atenção dos produtores para seu talento como instrumentista. A partir disso, inicia a gravação de seus primeiros discos de 78 rpm e, em 1945, conhece Humberto Teixeira, advogado e poeta, com quem faz seus primeiros grandes sucessos. No ano seguinte, conhece Zédantas, novo parceiro letrista, tornando-se definitivamente “O Rei do Baião”. Em 1989, morre o premiadíssimo Gonzagão. Na verdade, Gonzagão continua vivo e “se a gente lembra só por lembrar”, essas particularidades passageiras da sua biografia, é porque ele trouxe dentro de si não só uma forte individualidade, mas a nordestinidade inteira, com todas as suas possibilidades. Artista que rodou o mundo sem nunca deixar o nordeste brasileiro, posto que este também o é, simbioticamente.

           Paulo do Eirado Dias Filho

Publicado no Catálogo Bom Dia Gonzagão - Funarte 2012


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

De biquíni e computador, pai não entende nada




O uso de computadores na educação parece desconsiderar a mais ínfima razão pedagógica. Os investimentos nessa área obedecem, em geral, a  uma simples chamada mercadológica. Afinal, para que servem mesmo os computadores na escola?

Um dos argumentos para sustentar a necessidade dessas máquinas nas escolas vem da dificuldade, relativamente comum, dos pais usarem os computadores nas mais variadas versões: celulares, desktops, laptops, tablets, smartphones, netbooks, Ipods, “I-isso”, “I-aquilo”. Particularmente, penso que a dificuldade que um jovem de hoje terá de usar um computador será semelhante à que minha geração teve para usar uma garrafa térmica. As crianças atuais nascem com um chip a mais que as de décadas atrás. Elas usam um aparelho eletrônico qualquer desde a primeira vez como se já fossem velhos conhecidos, arrasando definitivamente nossa autoridade no assunto.

Do ponto de vista pedagógico, desconheço projeto de uso de computador em ensino fundamental que possua fundamento superior ao do uso de uma flauta ou uma aquarela na escola. O que se desenvolve em uma criança durante a interação com computadores? A autocorreção gramatical? A motricidade? A compaixão? A capacidade de operar números? A prontidão mastigada e apressada do Google? A arte de colar? A experiência anônima do MSN? O reflexo condicionado pelos estímulos visuais? A reação impensada nos games? A representação de um mundo oco, acelerado e hiperexcitante?

O Doutor Valdemar Setzer, professor do Instituto de Ciências da Computação da Universidade de São Paulo - USP, é um aguerrido defensor da inutilidade pedagógica dessas máquinas digitais. Ele argumenta que, por possuir uma estrutura fria e inflexível, a lógica do software empobrece a capacidade imaginativa da criança por meio de um condicionamento limitado do pensar, além de apresentar imagens simuladas da realidade por mero recurso matemático, o mesmo acontecendo com o som. Dessa forma, sustenta o professor Setzer, esse mergulho no ambiente virtual afasta a criança da realidade concreta, na qual as coisas têm peso, textura, temperatura, sombras, coerência entre tamanho e massa, produzem sons característicos e, acima de tudo, nos dão segurança na existência.

Pais costumam crer que os computadores devem ser manipulados desde cedo pelas crianças, pensando no futuro delas. Filhos veem os computadores como coisas do passado - afinal, já existiam no mundo antes de eles nascerem. Esse é o descompasso entre gerações habitantes do novato século XXI.

Sim, já houve conflitos mais tensos entre gerações. Certamente, ter um filho hippie ou guerrilheiro desorientava bem mais os pais de 40 anos atrás. Mas esses filhos contestadores e inconformados formavam minorias e não aprendiam esses comportamentos sociais na escola. Preocupante, hoje, é a submissão em larga escala das crianças a esse mundo virtual, incentivadas por “educadores” (des)orientados e (des)preparados pela indução do mercado, que dita tendências educacionais autorrealizáveis e narcisistas.

Deixar uma criança sozinha na internet é semelhante a largá-la a sós em uma esquina de uma grande cidade à noite, assim diz o professor Setzer. Semelhantemente, não vemos crime quando nosso filho faz um download  desautorizado de um livro. Porém, não aceitaríamos, com veemência, se ele roubasse esse mesmo livro da prateleira de uma livraria. Isso mostra que não sabemos educar para esse mundo virtual. Falta-nos a mais elementar compreensão do universo imaterial.

Um ligeiro e genial conto, “Pai Não Entende Nada”, de Luís Fernando Veríssimo, ilustra bem a imaterialidade crescente das coisas e as diferentes visões de mundo entre gerações:

- Um biquíni novo?
- É, pai.
- Você comprou um no ano passado!
- Não serve mais, pai. Eu cresci.
- Como não serve? No ano passado, você tinha 14 anos. Este ano, tem 15. Não cresceu tanto assim.
- Não serve, pai.
- Está bem, está bem. Toma o dinheiro. Compra um biquíni maior.
- Maior não, pai. Menor.
Aquele pai, também, não entendia nada.

  

            Publicado no jornal Cinform em 26/11/2012 – Caderno Emprego

Publicado na revista Tecnologia da Informação & Negócios nº 11/2013


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?



     Questionamentos clássicos, como quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha, nos trazem situações que desafiam a lógica e o nosso modelo mental. Facilmente, ao tentarmos responder, entramos em um parafuso sem-fim, que quanto mais gira mais aprisiona. Por certo, pensamos assim, porque buscamos sempre respostas finais à luz do conhecimento e bem enquadradas no paradigma atual, mesmo que para questões anteriores à própria existência humana. Disso, decorre a falência da resposta concreta.

     Se acaso fôssemos mais criativos e imaginativos, esse assunto da galinha e do ovo já estaria solucionado há muito tempo. Mas por que não somos mais criativos e imaginativos? Uma das nossas limitações nessas áreas humanas decorre da atrofia que nos é imposta pela escola, reprodutora, por sua vez, do modelo social de nossos dias que supervaloriza a intelectualidade e a memorização.

     A imaginação é a típica “lógica” infantil, e o brincar é a materialização dela. Assim, crianças que brincam e aprendem a dominar o espaço físico, além de desenvolverem um organismo mais saudável, também criam uma estrutura mental mais dinâmica, isto é, mais ágil e flexível para lidar com o inesperado e o oculto.

     “Todo ato motor conduz ao ato mental”, afirmou Dr. Henri Wallon (1879-1962), médico e psicólogo, formulador da Psicologia do Desenvolvimento. A atividade motora está associada à região central do cérebro humano, que deve ser educada a partir de movimentos corpóreos orientados por desenhos de formas e pela realização de trabalhos manuais finos, como, por exemplo, miçangas e bordados, alternados com trabalhos mais pesados, a exemplo de esculpir madeira.

     Estudos recentes apontam que o lado direito do cérebro é a sede do pensamento sistêmico, intuitivo e emotivo. Do ponto de vista educacional, o desenvolvimento desse lobo cerebral é potencializado pela vivência artística. A experimentação prática das artes plásticas, da música, do canto e das artes cênicas na escola deveria acontecer em proporção similar a das disciplinas teóricas tradicionais.

     O modelo escolar atual potencializa, exclusivamente, o desenvolvimento do lado esquerdo da massa cinzenta, região da atividade lógica, racional e teórica, muito valorizada pelos que querem exibir intelectualidade e pensamento dedutivo. Por essas características neurofisiológicas, encontramos, nessa região, o espaço para preparar jovens para competirem em concursos teóricos, a exemplo do vestibular e de outros exames de proficiência cognitiva.

     No artigo “Salvando a Infância – Um memorando para a pedagogia do fazer”, publicado agora em português, o doutor Peter Guttenhofer ensina que as escolas ameaçam a infância e propõe um novo modelo escolar para crianças de 4 a 11 anos, isto é, o período do jardim e do fundamental menor. Ele se vale da metáfora do bote salva-vidas para conduzi-las numa fase de transição entre o modelo escolar atual, que ele julga insustentável e destrutivo, para um modelo ideal inspirado na Pedagogia Waldorf.

     Nessa proposta, deve haver flexibilização do currículo teórico e uma expansão dos trabalhos manuais, especialmente aqueles que, por meio do brincar, repetem atividades laborais dos adultos na agricultura, no artesanato e na atividade doméstica. Nela, o ponto de partida é: professores e alunos trabalham e aprendem juntos. As crianças de hoje não aceitam mais o professor que parece um “depositário de conhecimentos teóricos” e, bem assim, recusam um currículo e salas de aulas que as isolam da vida real.

      Para preservar a genialidade das crianças, como no diálogo a seguir, é que precisamos reformar profundamente o inadequado modelo escolar vigente: “Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?”. Confesso que depois que fiz essa pergunta a Thiago, um menino de seis anos, muito criativo e perspicaz, não tive mais dúvida. Ele respondeu com tanta certeza que me convenceu definitivamente, além de me fazer refletir sobre o quanto essa questão é simples. Ele me disse: “foi o ovo!”. Perguntei: E quem botou o ovo? - Deus! – foi a resposta convicta. E devolveu: “Deus prefere ‘botar’ uma galinha ou botar um ovo?”.


 
      Publicado no jornal Cinform em 05/11/2012 – Caderno Emprego


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A Via Crucis do Mangue


O Senac em defesa dos MANGUEZAIS
ou A Via Crucis do Mangue

(Apresentação do livro de cordel de Gilmar Santana Ferreira)







Chamaram-me pra escrever,
Por conta de um evento;
Resolvi fazer com rima
Aditando esse elemento.
Manguezal pede socorro!
Sem ele também eu morro.
E você leitor atento?



Aracaju Fashion Square
Da Dupla Comunicação
Pede ao Senac que faça
Numa só demonstração,
A Treze virar ribalta
E o mangue encher a pauta
Com sensibilização.

Gilmar Ferreira apresenta
Um cordel ambiental.
É o poema popular
No mote educacional,
Trazendo mais esperança
Pra se guardar na lembrança
De forma incondicional.

A Via Crucis presente
Nos lembra a Maior História...
Em cada estação uma dor,
Repetindo a trajetória
D’Aquela Paixão de Cristo
Reedição pelo visto,
Cheia de lixo e escória.

A natureza provê
Os homens de pão e vinho;
O Corpo e o Sangue de Deus
Que na Terra fez seu ninho...
Poluição é açoitamento,
A cruz é o desmatamento...
Refaremos o caminho?

Paulo do Eirado Dias Filho


Publicado no livro de cordel com esse mesmo título lançado em evento público no Mirante da Treze de Julho - Aracaju/SE - 25/10/2012

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia do Professor



  Hoje, 15 de outubro, comemoramos mais um Dia do Professor. Seria lugar-comum afirmarmos que o ideal é que todos os dias sejam do professor. Mas não seguiremos essa trajetória confortável, pois o certo é pensar que a educação brasileira necessita de um novo berço, que seja o abrigo adequado para um renascimento saudável, e que seja cercada de todos os atentos responsáveis por ela.

É fácil atribuirmos, injustamente, muita responsabilidade aos professores sobre as máculas da educação do País. Por certo, vários de nossos professores são prejudicados no exercício da docência e, também, prejudicam seus alunos pelas mais diversas razões: má formação escolar e superior, desinteresse pela profissão, livros didáticos insossos e mal elaborados, currículo escolar descontextualizado, excesso de ideologização nas licenciaturas com carência de competências para a didática, etc.

Somado a isso, ainda ocorrem inúmeros casos de profissionais da educação sem a vocação (sacerdotal) que a docência exige. De fato, ser professor não é para todos. Se nos dias atuais, a escola está assumindo papeis que vão além da alçada dela, seja na distribuição de comida, na burocracia para atender interesses dos programas sociais e até na gestão de parques informáticos que se mostram mais úteis ao marketing político do que aos propósitos pedagógicos, então, o que pensar sobre as condições de trabalho do professor em uma sala de aula lotada de jovens, em grande parte, carentes de atenção pedagógica, psicológica, materna, paterna, vocacional, médica, e outras.

Nesse cenário, ser professor transcende à profissão ou a aplicação técnica de saberes e competências. Contudo, nesse desafio reside a atração pela docência que leva a maioria dos mestres a terem verdadeira adoração pelo trabalho nobre e amoroso que realizam. Esses são os profissionais de educação necessários e procurados nos classificados desse jornal (leia exemplo acima à direita).

Para agravar o quadro da educação, infelizmente, vemos várias famílias extremamente frouxas e negligentes na educação dos filhos. Vivemos uma época na qual os pais se sentem culpados ao ver os filhos passarem por qualquer desconforto. Não bastasse essa culpa, eles creem que são obrigados a fazer os filhos felizes a todo momento e, assim, agem sem negar atendimento às exigências mais fúteis, nocivas e consumistas dos pequenos.

Tal superproteção contribui para formar jovens alienados e egoístas que não suportam ter seus mimos contrariados. Ignoram, esses pais, o quanto os filhos podem estar despreparados para os futuros embates cotidianos, nos quais a firmeza de caráter será exigida e a devida resiliência para conviver com expectativas frustradas. Para inúmeras outras famílias, a escola é vista como um depósito de crianças e nunca participam da vida escolar. Por estas coisas, já se procuram pais que acompanhem a vida escolar dos filhos até nos classificados desse caderno (leia exemplo acima à esquerda).

Outro elemento que é muito responsabilizado pela má qualidade da educação é o Governo, em todas as esferas. De fato, é visível a ineficiência da gestão pública com indicadores de produtividade negativos, interesses político-partidários prioritários, burocracia patológica e a baixa institucionalidade da máquina pública. Contudo, o Governo, isoladamente, não irá resolver a problemática educacional brasileira. Por certo, muitos gestores públicos, amantes da boa escola, responderão ao chamado de recrutamento dos classificados desta edição do Cinform (leia exemplo acima ao centro).

Acredito que o caminho para a superação do fracasso escolar brasileiro passa pela construção de um pacto amplo e legítimo dos três principais atores da escola: governo, professores e família, incluindo o aluno. Essa composição é a única capaz de exibir resultados definitivos e sustentáveis na educação. Nada acontecerá rapidamente e ninguém será o mocinho em um final feliz.

Na práxis da educação, o trabalho se realiza em longo prazo, com exaustiva repetição de rotinas e ritmos, nos quatro cantos do Brasil e com a colaboração do tempo, que, diferentemente das demais áreas da atuação humana, na educação, o tempo reforça o feito. Afinal, educar é semear em comunhão, assim, diz um sábio provérbio africano: “É preciso toda a aldeia para educar uma criança”.

Aos maravilhosos professores, àqueles que superam as adversidades com sua força interior, àqueles que olham seus alunos nos olhos e veem ali um Ser Humano único e rico de qualidades potenciais, àqueles que penetram para sempre na alma dos alunos e jamais saem das gratas lembranças deles. Aos que se movem e transbordam AMOR pela docência. Aos que nos fizeram ler esse texto até aqui, FELIZ DIA DO PROFESSOR! 



         Publicado no jornal Cinform em 15/10/2012 – Caderno Emprego



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Professor que não aprende não ensina



Em um passado próximo, tive uma surpresa ao conversar com uma mulher que fazia um rápido curso de formação profissional na instituição em que eu trabalhava. Ela comentou, em tom de queixa, que estava desacostumada de sentar algumas horas em uma carteira escolar. Disse ainda que fazia quinze anos que não cursava nada e, por isso, estava cansada. Perguntei-lhe sobre o que ela fazia profissionalmente. E, para espanto de ambos, já que percebi que “a ficha caiu” para ela no instante em que nem completou a resposta, ela disse: “Eu ensin...”.

Aquele momento, para a declarada professora, foi de profunda reflexão e contradição. Ela, ali, se deu conta do descuido de sua trajetória profissional ao perceber que ensinar sem estudar é, no mínimo, uma falha imperdoável. Particularmente, senti um mal estar ao pensar nos alunos dela e nos possíveis danos pedagógicos sofridos. A conversa foi encerrada nesse momento, pois, acredito, precisávamos digerir aquele rico e misterioso instante reconhecido como desagradável - mas feliz -, porque se caracterizou como revelador. Por certo, um importante ponto de inflexão na vida dessa docente.

“Segundo o criador da Pedagogia Waldorf, Rudolf Steiner, o professor é a pessoa que mais deve ter aprendido no final do ano letivo; se assim não tiver acontecido, seu ensino provavelmente terá sido ruim. Isso porque um bom ensino se faz à custa de um grande esforço que sempre custaria muito! O professor que cultiva uma modéstia íntima, sabendo-se imperfeito, certamente está no caminho pedagógico correto. Também o faz aquele que realiza o magistério com um ceticismo interior, autêntico e nobre, possibilitando um trabalho de humildade, o qual se reverte em resultados favoráveis ao seu aluno”. Assim está no livro “Saúde se aprende, educação é que cura”, de Elaine Marasca.

A chave para o processo de aprendizagem é o reconhecimento e o apreço do aluno pelo professor. Há, na cabeça dos aprendizes, uma fechadura que só abre por dentro, semelhante àquelas usadas nas portas dos banheiros. Assim, cabe ao mestre fazer os alunos, com boa vontade, abrirem essa porta, que só eles têm acesso, para estabelecer o fluxo de aprendizagem. E, para isso, nada é melhor que o próprio exemplo de estar sempre aprendendo.

“Por último, Steiner nos chama a atenção para o chavão pedagógico de que o ensino deve ser sempre uma alegria para a criança. Segundo ele, isso é impossível, como realmente se vê na prática, pois de fato algumas coisas no processo de aprendizado não produzem essa alegria, mas, apesar disso, devem ser feitas. Como se poderia desenvolver, por exemplo, o sentimento do dever sem o esforço da superação de obstáculos? No entanto, a parceria entre professor e aluno pode favorecer a aliança para essa superação. Acredita-se que se o aluno desenvolver afeição pelo professor fará até o que lhe parece mais difícil. A relação professor-aluno será, portanto, a base para tudo que se pode denominar educação.” Prossegue a escritora Elaine Marasca.

O professor que agir de forma controversa a essa orientação corre o risco de ter a autoridade dele desabada em um único segundo, especialmente se seus alunos forem adolescentes e algum, dentre eles, possuir um humor sarcástico e desafiador, como na situação abaixo:

Aparício Torelly, mais conhecido como Barão de Itararé, cursava Medicina. Certo dia, o professor se dirigiu a ele e perguntou: “Quantos rins nós temos”? Ele respondeu: “Quatro”, e ouviu uma gargalhada do arrogante professor que, não satisfeito, ainda ordenou ao assistente dele: “Traga-me um punhado de capim, pois temos um asno na sala”. Aparício aproveitou a deixa e pediu: “E para mim, um cafezinho!”.

Foi expulso da sala, mas, na saída, ainda teve a audácia de corrigir o professor: “O senhor me perguntou quantos rins nós temos. “Nós” temos quatro: dois meus e dois seus. “Nós” é a 1ª pessoa do plural. Tenha um bom apetite, seu capim está chegando”.

 Talvez, nesse mesmo dia, o nosso Barão de Itararé tenha criado a máxima: “Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância”.



        Publicado no jornal Cinform em 24/09/2012 – Caderno Emprego

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Juventude “indoor”



Desculpem-me pelo uso de uma palavra da língua inglesa no título deste artigo, mas, por vezes, existem algumas que exprimem com absoluta clareza o que queremos dizer. O vocábulo “indoor” se aplica a situações  em que o fato ou o evento ocorre em locais fechados. Assim, são chamadas “kart indoor” as competições de kart que se realizam dentro de galpões.

Semelhantemente, muitos de nossos jovens, em especial aqueles moradores das grandes cidades, levam a vida em ambientes fechados, sem contato com a natureza e desconhecendo até a existência da própria lua.

Um professor de ensino médio de São Paulo me contou a seguinte história: “Um aluno escreveu que a Terra possui quatro luas: a lua cheia, a lua minguante, a lua crescente e, por último, a lua nova. Totalizando, dessa forma quatro luas.”

Questionado pelo professor, que, a princípio, acreditou se tratar  de uma brincadeira, o jovem assegurou a plena crença na existência das quatro luas, pois a interpretara assim a partir da leitura de livros.  Essa cena lamentável exibe a distância crescente entre nossas vidas e a mãe natureza. Facilmente, esse acidente de percurso de aprendizado pode estar acontecendo com uma geração inteira, na medida em que jovens vivem em shoppings indiferentes à luz do sol; circulam em metrôs subterrâneos; mergulham na internet em uma sobrevivência relacional por meio de redes sociais artificiais e estudam em escolas que poucas atividades executam ao ar livre.

Existe um movimento econômico que favorece a padronização dos produtos e serviços que consumimos chamada “comoditização”, termo aportuguesado a partir da palavra inglesa “commodity”, que significa produto ordinário, de fácil substituição por outro de origem diversa, devido à baixa diferenciação. Exemplo disso são os produtos do agronegócio, como a soja, o trigo, o milho, o açúcar, entre outros. De igual maneira, situam-se o petróleo e o minério de ferro. Essa tendência se expande a setores antes bem diferenciados, mas, agora, altamente assemelhados, a exemplo dos modernos carros, que estão submetidos à ditadura do design aerodinâmico, cuja tendência maior é tornar todos eles muito parecidos entre si e, em particular, os modelos “hatch”, que se parecem com a forma ideal de um ovo.

É tão fácil quanto alienante ligarmos um aparelho elétrico numa tomada em casa ou no escritório e desfrutarmos a presença da energia elétrica naquele ponto. Quanto ao conforto, não há o que discutir. Porém, sob a ótica da alienação, ocorre uma total desvinculação entre causa e efeito. Nada nos diz sobre a origem daquela energia. Será ela oriunda de uma termoelétrica, de uma hidrelétrica do Rio São Francisco ou de uma placa solar? Não sabemos. Mas que diferença isso faz na qualidade da energia elétrica em si? Em princípio, nada disso muda para o usuário, exemplificando, aqui, o efeito da “comoditização” industrial a distanciar a causa do efeito.

Sob a ótica pedagógica, estamos usufruindo  um mundo de fenômenos vazios, no qual o GPS faz o papel das estrelas fixas na orientação dos navegadores, o raio laser substitui o prumo gravitacional nas construções e as estações do ano pouco alteram nossas rotinas e nossas provisões, exceto pelas novas coleções da moda. Assim, somos usuários de produtos e serviços de um mundo distante, inimaginável até. Deixamos de ser provedores para sermos ferrenhos consumidores, ou melhor, consumistas contumazes. Vivemos a fazer downloads de água nas torneiras, de energia elétrica nas tomadas, de imagens televisivas, de informações desconexas e de produtos digitais na internet. Com certeza, estamos a “baixar” amores fortuitos ao “ficarmos” casualmente com parceiros ou parceiras nas baladas, cinemas e praças de alimentação “macdonaldas”, para em seguida deletá-los por rápida obsolescência aplicada e aprendida na escola no descarte anual de livros escolares, de professores que ficam para a série anterior e de fardamentos que saem de moda. Só nos interessa o modelo do ano ou da estação.

Espero não chegar o tempo em que teremos saudade dos alienados que viviam no mundo da lua, pois os de hoje, de repente, nem lá estão.



Publicado no jornal Cinform em 10/09/2012 – Caderno Emprego


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Irmã Dulce, a empreendedora exemplar


 Em 13 de agosto de 1933, a Irmã Dulce recebeu o hábito da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, aqui em Sergipe. Assim, nessa data, comemora-se a beatificação dela, conforme fixou o papa Bento XVI. Questões religiosas à parte, centremos nosso tema no que, certamente, todos concordam: a capacidade empreendedora da "bem-aventurada Dulce dos pobres".

A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, celeiro mundial da gestão de negócios e considerada por “rankings como a melhor universidade do mundo, desenvolveu excelentes pesquisas sobre empreendedorismo. Entre os resultados, estão cursos para formação de empreendedores desenvolvidos para a Organização das Nações Unidas – ONU -, a exemplo do Empretec, ministrado no Brasil pelo Sebrae.

Um dos pontos de destaque dessa metodologia é a garantia de formar empreendedores a partir de capacitações, já que parte do principio de que o empreendedor pode ser “feito” não sendo, portanto, necessariamente um dom nato. Outro ponto fundamental é o reconhecimento do empreendedor pelo comportamento dele, ou seja, o empreendedor se revela pelas atitudes e não por ser dono de negócio ou empresa, contrariando o estigma de associar o empreendedor a uma atividade comercial.

Segundo essa exitosa metodologia, são dez as características atitudinais do empreendedor: 1- estabelece metas; 2- busca oportunidades e tem iniciativa; 3- exige qualidade e eficiência; 4- planeja e monitora sistematicamente; 5- tem comprometimento; 6- persiste; 7- corre riscos calculados; 8- busca informações; 9- tem persuasão e rede de contatos e 10- possui independência e autoconfiança. Tais características podem ser desenvolvidas por qualquer pessoa.

Se quisermos fazer um bom exercício sobre as características do empreendedor, basta identificá-las na vida de Irmã Dulce. A obra realizada por ela, que ainda funciona na Bahia, e as adversidades enfrentadas, que vão desde a saúde permanentemente debilitada às humilhações frequentes sofridas na busca pela sustentabilidade do empreendimento social dela, resultaram em um  trabalho inegavelmente fantástico, a começar pelo Hospital Santo Antônio, maior casa de saúde particular com atendimento exclusivamente gratuito do País, ainda em pleno funcionamento na Bahia.        

   Irmã Dulce morreu em 13 de março de 1992, pouco tempo antes de completar 78 anos. As últimas três décadas da vida dela foram marcadas pela fragilidade da saúde, abalada seriamente, já que tinha 70% da capacidade respiratória comprometida.
Ao nascer, em 26 de maio de 1914, em Salvador, recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Aos 13 anos, ela já havia transformado a casa da família em um centro de atendimento a pessoas carentes.

Os primeiros anos do trabalho da jovem missionária foram intensos. Em 1936, ela fundou a União Operária São Francisco e, em 1937, o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas construídos através de doações. Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola gratuita para operários e os filhos deles. Ela, ainda, criou o bandejão, em 1950, para dar comida aos pobres, uma central de aleitamento materno e escolas profissionalizantes.

Inconformada, em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos para abrigar doentes que recolhia nas ruas. Após ter sido expulsa das casas, ela peregrinou durante uma década, levando os doentes por vários lugares até, por fim, instalá-los no galinheiro do Convento Santo Antônio, tendo improvisado um albergue que deu origem ao Hospital Santo Antônio. Também extremamente bem humorada, Irmã Dulce chegou a tocar acordeão e a cantar nas ruas de Salvador para arrecadar dinheiro. Em 1988, foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz.  

Recomendo a leitura detalhada da biografia dessa notável personalidade,  encontrada fartamente na internet, na qual é possível localizar as dez características do perfil empreendedor em inúmeras passagens. Temos, portanto, um exemplo de empreendedorismo puro e inspirador para todos os que buscam a construção de sonhos, com ou sem milagres.



           Publicado no jornal Cinform em 27/08/2012 – Caderno Emprego

Publicado na revista Tecnologia da Informação & Negócios nº 09/2012

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Asas para o Senac




Sempre que estou ensinando empreendedorismo para alunos de pedagogia, convido a um exercício que revela limites que impomos à própria realidade, maculando a nossa percepção. O exercício consiste em discutir livremente a criação de uma escola qualquer, regular, de idiomas ou profissionalizante. Em geral, os alunos se entusiasmam com a ideia e vão transpondo para o papel o projeto com fervor. A discussão origina sempre no modelo do prédio, tamanho das turmas, mobiliário, número e professores, área de recreação, localização da escola, salários e até o estilo da sala do diretor. Alguns raros “projetistas” vão ao modelo de negócio, finanças, viabilidade econômica e retorno sobre o investimento, a rigor, assuntos mais vitais ao empreendimento do que o estilo do prédio e da sala do diretor. Ficam ausentes, por exemplo, propostas de Educação a Distância - EaD - e os métodos pedagógicos que servirão de base para o trabalho escolar.

Isso demonstra o quanto estamos aprisionados ao paradigma das formas e das estruturas físicas na nossa visão de mundo. Todavia, a avassaladora tendência atual é priorizar os fluxos ao invés das formas. As modernas indústrias são desmontáveis ou descartáveis. Algumas são projetadas para durar o mesmo tempo que a campanha de fabricação de seus produtos, como a das impressoras HP, o que nos desfaz a imagem de fábrica como algo definitivo, pesado e irreversível. Assim, podemos transportar esse modelo para a escola que deve priorizar os fluxos de ensino e aprendizagem, mas não as suas estruturas físicas, como no caso de uma escola na modalidade EaD.

Esse é o novo mundo da economia do conhecimento, onde o patrimônio é tão imaterial quanto o “software” ou a reputação de uma empresa. Mundo esse, que já responde pela maior fatia do PIB mundial e que circula por meio de linhas telefônicas, dispensando portos e estradas. Também que oportuniza o surgimento de novos e impensáveis modelos de negócios amparados pela colaboração de milhares de anônimos cidadãos capazes de construir uma exitosa Wikipédia e, paralelamente, assistir à derrota da poderosa enciclopédia Microsoft Encarta, ancorada em um modelo comercial ultrapassado.

Nesse cenário, o Senac dá um salto qualitativo ao lançar sua nova marca. Uma instituição com mais de 60 anos de existência, dona de grande passado, validado pelos serviços prestados, dá um passo corajoso e integrador ao lançar essa nova identidade visual com adesão unânime dos regionais brasileiros. A nova marca faz essa passagem, sem ruptura com as coisas boas do passado ao aposentar uma marca criada em 1969, muito bem sucedida, porém, fruto de um Brasil que já não existe, na qual, a solidez das formas e a monocromática se revelam emblemáticas para uma nova marca criteriosamente estudada, mais leve, colorida, dinâmica, fluída, que alia bem a percepção de mobilidade social e o dinamismo da moderna economia, com a visão de futuro institucional e o empreendedorismo.
Inspirada na ideia de um avião, a marca estreante reforça a competência que buscamos incansavelmente para oferecer sempre o melhor aos nossos estudantes. Competência  refletida nas três cores: profunda do azul - associada ao conhecimento; expansiva e atuante do claro alaranjado – simbolizando as habilidades; ambas mediadas pela apaixonada cor laranja - que irradia nossas atitudes simpáticas. Ademais, a existência das asas indica a faculdade cognitiva: “aquele que compreende tem asas”.  

Com tais asas, alçaremos longos voos a novos e desconhecidos lugares, porém, muito seguros e planejados. Igualmente, não iremos abdicar da terra firme, sedimentada por décadas de bons serviços em educação profissional, para as imprescindíveis aterrissagens e decolagens.

Raras instituições dispõem de tão nobre histórico e, ao mesmo tempo, conseguem se expor ao risco típico dos empreendedores. Desse modo, a sociedade espera por inovação, desde que se perpetuem os mais nobres valores. Daí, o Senac, como ninguém, pode parafrasear o escritor Eduardo Galeano e dizer: “Temos um esplêndido passado pela frente!

       
Publicado no jornal Cinform em 13/08/2012 – Caderno Emprego