Em 13 de
agosto de 1933, a Irmã Dulce recebeu o hábito da Congregação das Irmãs
Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, aqui em Sergipe. Assim,
nessa data, comemora-se a beatificação dela, conforme fixou o papa
Bento XVI. Questões religiosas à parte, centremos nosso tema no que,
certamente, todos concordam: a capacidade empreendedora da "bem-aventurada
Dulce dos pobres".
A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, celeiro mundial da
gestão de negócios e considerada por “rankings” como a melhor universidade do mundo, desenvolveu excelentes
pesquisas sobre empreendedorismo. Entre os resultados, estão cursos para
formação de empreendedores desenvolvidos para a Organização das Nações Unidas –
ONU -, a exemplo do Empretec, ministrado no Brasil pelo Sebrae.
Um dos pontos de destaque dessa metodologia é a garantia de formar
empreendedores a partir de capacitações, já que parte do principio de que o empreendedor
pode ser “feito” não sendo, portanto, necessariamente um dom nato. Outro ponto
fundamental é o reconhecimento do empreendedor pelo comportamento dele, ou seja,
o empreendedor se revela pelas atitudes e não por ser dono de negócio ou
empresa, contrariando o estigma de associar o empreendedor a uma atividade
comercial.
Segundo essa exitosa metodologia, são dez as características
atitudinais do empreendedor: 1- estabelece metas; 2- busca oportunidades e tem
iniciativa; 3- exige qualidade e eficiência; 4- planeja e monitora
sistematicamente; 5- tem comprometimento; 6- persiste; 7- corre riscos
calculados; 8- busca informações; 9- tem persuasão e rede de contatos e 10-
possui independência e autoconfiança. Tais características podem ser
desenvolvidas por qualquer pessoa.
Se quisermos fazer um bom exercício sobre as características do
empreendedor, basta identificá-las na vida de Irmã Dulce. A obra realizada por
ela, que ainda funciona na Bahia, e as adversidades enfrentadas, que vão desde a
saúde permanentemente debilitada às humilhações frequentes sofridas na busca pela
sustentabilidade do empreendimento social dela, resultaram em um trabalho inegavelmente fantástico, a começar
pelo Hospital Santo Antônio, maior casa de saúde particular com atendimento
exclusivamente gratuito do País, ainda em pleno funcionamento na Bahia.
Irmã
Dulce morreu em 13 de março de 1992, pouco tempo antes de completar 78 anos. As
últimas três décadas da vida dela foram marcadas pela fragilidade da saúde,
abalada seriamente, já que tinha 70% da capacidade respiratória comprometida.
Ao nascer, em 26 de maio de 1914, em Salvador, recebeu o nome de
Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Aos 13 anos, ela já havia transformado
a casa da família em um centro de atendimento a pessoas carentes.
Os primeiros anos do trabalho da jovem missionária foram intensos.
Em 1936, ela fundou a União Operária São Francisco e, em 1937, o Círculo
Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas construídos
através de doações. Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo
Antônio, escola gratuita para operários e os filhos deles. Ela, ainda, criou o
bandejão, em 1950, para dar comida aos pobres, uma central de aleitamento materno e escolas
profissionalizantes.
Inconformada, em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha dos
Ratos para abrigar doentes que recolhia nas ruas. Após ter sido expulsa das
casas, ela peregrinou durante uma década, levando os doentes por vários lugares
até, por fim, instalá-los no galinheiro do Convento Santo Antônio, tendo
improvisado um albergue que deu origem ao Hospital Santo Antônio. Também extremamente
bem humorada, Irmã Dulce chegou a tocar acordeão e a cantar nas ruas de
Salvador para arrecadar dinheiro. Em 1988, foi indicada para o Prêmio
Nobel da Paz.
Recomendo a leitura detalhada da biografia dessa notável
personalidade, encontrada fartamente na
internet, na qual é possível localizar as dez características do perfil
empreendedor em inúmeras passagens. Temos, portanto, um exemplo de
empreendedorismo puro e inspirador para todos os que buscam a construção de
sonhos, com ou sem milagres.
Publicado no jornal Cinform em 27/08/2012 – Caderno Emprego
Publicado na revista
Tecnologia da Informação & Negócios nº 09/2012
Realmente um exemplo de empreendedora.
ResponderExcluirMuito maior ainda, por fazer sem intenções remuneradas.
Belo texto Sr. Paulo
Parabéns.
Caro Lucas,
Excluirvc está coberto de razão em separar empreendedorismo de negócios. De fato, não são sinonimos.
obrigado por suas palavras.
Sr. Paulo,
ResponderExcluirApós ter lido esse texto, durante dias tentei lembrar de um filme que assistir que fala um pouco da história de um homem que foi um grande exemplo de empreendedor, de uma forma bem parecida ou igual as características atitudinais do empreendedor como o Sr. citou no 4º parágrafo.
O nome do filme é "A Lista de Schindler", são dois Dvds e a imagem é em preto e branco, bom, quando eu assistir era, não hoje.
Por isso recomendo ao Sr. assistir caso ainda não acompanhou essa linda história de luta para salvar vidas de um homem chamado Oskar Schindler.
Um Abraço e até o próximo texto.
Caro Lucas,
ResponderExcluirboa dica. Vou assistir e depois comento.
Obrigado