Era uma vez, um gênio chamado Albert Einstein, que nos contou o
seguinte: “Se quiser que os seus filhos sejam brilhantes, leia contos de fadas
para eles. Se quiser que sejam ainda mais brilhantes, leia ainda mais contos de
fadas”.
Para sabermos o porquê disso, devemos entender a natureza anímica
do ser humano. Não à toa, o termo latino “anima”, significa “alma” e dele
derivam as expressões “animal”, “anímico” e “animado”, por exemplo. Então, seriam
os animais dotados de alma? Por certo, sim.
A alma é responsável pelo comportamento, isto é, pela animação
característica de cada espécie. Assim, cada lebre compartilha uma alma comum às
demais lebres. O mesmo acontece com lobos, avestruzes, tatus ou leões. Essa
alma característica de cada espécie silvestre determina o comportamento típico
de todos os seus indivíduos, criando grande previsibilidade de como agirão diante
de uma dada situação.
Caçar à noite, hibernar no frio, entrar no cio na primavera,
construir tocas, emboscar, etc., são hábitos determinados para a espécie, contra
os quais não é possível reagir.
De forma diversa, está o
ser humano, “bicho” emancipado da natureza e dotado de grande pluralidade
comportamental. Há os que fazem castidade, os que preferem trabalhar à noite,
os que vivem no frio inóspito das altitudes ou no calor desértico. Essa
independência ao natural nos faz dotados de todos os comportamentos dos
animais, além de outros exclusivamente humanos.
Dessa forma, é possível
ver em homens a agressividade de um tigre, a capacidade de fazer emboscadas de
uma onça, a dissimulação mimética do camaleão, o oportunismo de uma hiena, a
fidelidade dos pinguins, a covardia de um preá e muitos outros comportamentos dos
animais.
Já o inverso não acontece.
Não espere compaixão, solidariedade e empatia de uma coruja ou de um jacaré. Para
confirmar essa assimetria entre humanos e animais, Goethe, autor maior da
língua alemã, afirmou: “Se
os macacos chegassem a experimentar tédio, poderiam tornar-se gente”.
Quantas vezes nos pegamos a
comparar pessoas com animais? Dizer que fulano é um leão para trabalhar, que
beltrano tem uma visão de águia ou que cicrana é uma jararaca. São metáforas
que nos auxiliam a descrever imagens bem simbólicas das pessoas. Aliás, o
próprio zodíaco é composto por vários animais representando os signos.
Ainda no século XVIII, Goethe realizou, com visão poética,
pesquisas no campo das ciências naturais que o levou a desenvolver uma
metodologia científica inovadora, inspirada na observação das qualidades
intrínsecas aos fenômenos naturais. Disso, concluiu o poeta: “o reino animal é
apenas o animal mais evoluído – o homem – despedaçado”.
Esses animais latentes na
alma humana são narrados sob a forma de contos. Há indícios de que os temas permanecem
inalterados desde 25 mil anos a.C. Por isso, devemos respeitar a riqueza
espiritual que os contos possuem. Segundo
Jung, é nos contos de fadas onde melhor se pode estudar a “anatomia comparada
da psique”.
Essa é a função dos contos de fadas na Educação. Transmitir
verdades universais, fáceis de serem assimiladas e acolhidas pelas crianças
pequenas que veem o mundo com o mesmo olhar fantasioso e imaginativo dos mais
belos contos. Ainda que alguns nos pareçam cruéis, eles são adorados pelos
pequenos, que não cansam de nos pedir que lhes repita exaustivamente a estória
preferida, exatamente da mesma forma.
Pois, contos de fadas povoados por reis e princesas, por lobos e bruxas,
formam a rica ponte entre o imaginário da criança e a realidade exterior
acessível nos primeiros anos de vida. Os Irmãos Grimm reuniram um belo acervo
de contos, alguns editados com puro rigor pedagógico que são muito usados em
jardins de infância de escolas Waldorf.
Agora,
se você duvida que sapos viram príncipes ou que bruxas existam, é melhor dar
uma boa olhada no mundo ao seu redor, discretamente, ... enquanto Seu Lobo não
vem.
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Publicado no jornal Cinform em 22/07/2013 - Caderno Emprego
Publicado no jornal Coerente em 16/02/2014 - Educação pág. 13
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