É evidente o crescimento do trabalho em equipe nas atividades
produtivas. Por certo, Santos Dumont, o inventor (solitário) do avião há cem
anos, hoje, teria que saber trabalhar em grupo para repetir o feito. Afinal, em
nossos dias, ninguém fabrica avião sozinho.
Já se foi o tempo em que trabalhávamos para nós mesmos.
Produzíamos o que necessitávamos consumir, gerando poucos excedentes para
trocas e, invariavelmente, convivendo com crônica escassez material e fome. A
história de nossos antepassados é uma saga de sofrimentos insuportáveis para a “ar
condicionada” humanidade atual. Talvez, seja mais confortável nossa favela do
século XXI, que um sombrio castelo medieval europeu.
À medida que a tecnologia avançou, a produção de bens de consumo
cresceu excepcionalmente. Isso levou os produtores a buscarem mercados para
seus produtos, posto que o trabalho passou a gerar muito mais que seu próprio
potencial de consumo. Assim, atualmente, trabalhamos para outros, quase
exclusivamente. E, em paralelo, muitos trabalham para nós, formando uma grande rede
de cooperação, ainda que invisível e inconsciente. Discretamente, alguém faz o
pão fresco que consumiremos mais tarde e a gasolina de amanhã. Reciprocamente,
escrevi este artigo para você, caro e anônimo leitor.
Existem produtos incríveis, frutos de trabalhos compartilhados em
larga escala, a exemplo do Linux – programa de computador -, desenvolvido por
meio da internet, resultado do esforço de milhares de programadores voluntários,
espalhados pelo mundo. Aliás, o Linux é o grande concorrente histórico do
Windows. O mesmo, se aplica ao acervo de vídeos do YouTube.
A evolução do bem estar da humanidade se torna realidade, a partir
do trabalho cooperado e da consequente rede de produção. Dessa forma,
percebemos que o homem é fruto do meio, ao mesmo tempo em que o meio é fruto do
homem. Assim, nos ensina uma das mais belas imagens bíblicas, em Gênesis: “E
disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”. Interessante
o plural “façamos”. Aqui reside a parceria Céu e Terra, na qual o ser humano
também protagoniza a criação da própria humanidade e a responsabilidade pelo
futuro de todos.
Philip Kotler, no livro Marketing 3.0, revela que o segredo do
marketing contemporâneo é cumprir rigorosamente a missão institucional, obtendo
assim, a confiança dos consumidores. Afirma ainda, que as relações horizontais
são mais confiáveis que as verticais e que cerca de 90% dos consumidores
confiam nas recomendações de conhecidos e, 70% confiam nas opiniões de clientes
postadas na internet. Além disso, dão mais crédito a estranhos na sua rede
social do que a especialistas.
Com efeito, negócios são exercícios de confiança. Só queremos
negociar com quem confiamos. Não há, portanto, pré-requisito maior para a
Economia do que esse valor espiritual. Aliás, só é possível a parceria do “céu”,
se nossos propósitos forem honestos e trabalharmos pelo bem comum da humanidade.
Dessa maneira, parece ser ideal a fusão dos modelos de empresas comerciais com
ONGs, integrando o fator comercial ao interesse público. Daí, fazer do lucro
uma consequência da sua útil e respeitosa atuação no mercado. Em resumo, que sejam
as empresas e os homens agentes da saudável evolução, aquela alinhada à Divina
Providência.
Para sintetizar uma boa e bem humorada parceria, apresentamos o texto,
a seguir, extraído do livro As mais belas parábolas de todos os tempos: Um
pastor comprou um bom terreno, mas em péssimo estado: mato e entulho por todo
lado. Pacientemente, cada fim de semana limpava um pouco. Depois de limpo,
plantou flores e árvores frutíferas e frondosas. Muitos finais de semana
depois, já tinha construído uma pequena casa com varanda. O lugar ficou
realmente aprazível, e ele, então, convidou um colega religioso para ver como
tinha ficado. O colega, ao ver o lugar, exclamou:
- Puxa pastor, você e Deus fizeram um ótimo trabalho aqui!
- Pois é. Você precisava ver quando Deus cuidava disso aqui
sozinho!
Publicado no Jornal Cinform em 03/03/2014 - Caderno Emprego
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