segunda-feira, 3 de março de 2014

Uma parceria do Céu com a Terra

É evidente o crescimento do trabalho em equipe nas atividades produtivas. Por certo, Santos Dumont, o inventor (solitário) do avião há cem anos, hoje, teria que saber trabalhar em grupo para repetir o feito. Afinal, em nossos dias, ninguém fabrica avião sozinho.

     Já se foi o tempo em que trabalhávamos para nós mesmos. Produzíamos o que necessitávamos consumir, gerando poucos excedentes para trocas e, invariavelmente, convivendo com crônica escassez material e fome. A história de nossos antepassados é uma saga de sofrimentos insuportáveis para a “ar condicionada” humanidade atual. Talvez, seja mais confortável nossa favela do século XXI, que um sombrio castelo medieval europeu.

     À medida que a tecnologia avançou, a produção de bens de consumo cresceu excepcionalmente. Isso levou os produtores a buscarem mercados para seus produtos, posto que o trabalho passou a gerar muito mais que seu próprio potencial de consumo. Assim, atualmente, trabalhamos para outros, quase exclusivamente. E, em paralelo, muitos trabalham para nós, formando uma grande rede de cooperação, ainda que invisível e inconsciente. Discretamente, alguém faz o pão fresco que consumiremos mais tarde e a gasolina de amanhã. Reciprocamente, escrevi este artigo para você, caro e anônimo leitor.

     Existem produtos incríveis, frutos de trabalhos compartilhados em larga escala, a exemplo do Linux – programa de computador -, desenvolvido por meio da internet, resultado do esforço de milhares de programadores voluntários, espalhados pelo mundo. Aliás, o Linux é o grande concorrente histórico do Windows. O mesmo, se aplica ao acervo de vídeos do YouTube.

     A evolução do bem estar da humanidade se torna realidade, a partir do trabalho cooperado e da consequente rede de produção. Dessa forma, percebemos que o homem é fruto do meio, ao mesmo tempo em que o meio é fruto do homem. Assim, nos ensina uma das mais belas imagens bíblicas, em Gênesis: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”. Interessante o plural “façamos”. Aqui reside a parceria Céu e Terra, na qual o ser humano também protagoniza a criação da própria humanidade e a responsabilidade pelo futuro de todos.

     Philip Kotler, no livro Marketing 3.0, revela que o segredo do marketing contemporâneo é cumprir rigorosamente a missão institucional, obtendo assim, a confiança dos consumidores. Afirma ainda, que as relações horizontais são mais confiáveis que as verticais e que cerca de 90% dos consumidores confiam nas recomendações de conhecidos e, 70% confiam nas opiniões de clientes postadas na internet. Além disso, dão mais crédito a estranhos na sua rede social do que a especialistas.

     Com efeito, negócios são exercícios de confiança. Só queremos negociar com quem confiamos. Não há, portanto, pré-requisito maior para a Economia do que esse valor espiritual. Aliás, só é possível a parceria do “céu”, se nossos propósitos forem honestos e trabalharmos pelo bem comum da humanidade. Dessa maneira, parece ser ideal a fusão dos modelos de empresas comerciais com ONGs, integrando o fator comercial ao interesse público. Daí, fazer do lucro uma consequência da sua útil e respeitosa atuação no mercado. Em resumo, que sejam as empresas e os homens agentes da saudável evolução, aquela alinhada à Divina Providência.

     Para sintetizar uma boa e bem humorada parceria, apresentamos o texto, a seguir, extraído do livro As mais belas parábolas de todos os tempos: Um pastor comprou um bom terreno, mas em péssimo estado: mato e entulho por todo lado. Pacientemente, cada fim de semana limpava um pouco. Depois de limpo, plantou flores e árvores frutíferas e frondosas. Muitos finais de semana depois, já tinha construído uma pequena casa com varanda. O lugar ficou realmente aprazível, e ele, então, convidou um colega religioso para ver como tinha ficado. O colega, ao ver o lugar, exclamou:
     - Puxa pastor, você e Deus fizeram um ótimo trabalho aqui!
     - Pois é. Você precisava ver quando Deus cuidava disso aqui sozinho!

                                                       

Publicado no Jornal Cinform em 03/03/2014 - Caderno Emprego


Nenhum comentário:

Postar um comentário