Avaliar um candidato a uma vaga de emprego é uma situação que ilustra o que se deseja demonstrar a seguir. A construção de uma carreira profissional bem sucedida é feita a partir de algumas passagens da vida pessoal e profissional de um trabalhador. Cada passagem dessas pode se tornar uma interessante linha a constar no curriculum vitae – que traduzido literalmente significa “curso da vida”. Assim, nossa profissionalização é fruto da construção de experiências já realizadas ao longo de nossas vidas, portanto, já passadas.
Sabemos que ter uma boa base escolar, aliada a uma formação
profissional bem reconhecida, é fundamental para a conquista de postos mais
valorizados e bem remunerados no competitivo mercado de trabalho. Porém,
associamos diretamente a essa receita a expectativa de um futuro melhor. Tudo
certo até aqui, exceto pela incerteza inerente ao próprio futuro, já que não
temos quaisquer garantias sobre ele. Que
fazer então?
O futuro é sempre uma aposta. Já o passado é perfeitamente
estático, isto é, imutável. Dessa maneira, seremos muito mais felizes em nosso
objetivo de construir um passado que um futuro. De tal forma, a realização de
um robusto histórico pessoal e profissional é a chave para se diferenciar na
carreira profissional.
No serviço público, os concursos seletivos, hoje disputadíssimos,
baseiam-se no estoque de conhecimentos teóricos, objetivos nas suas provas,
favorecendo os candidatos que mais estudaram e possuem melhor habilidade de
responder as provas dessa natureza. Sendo assim, favorece aos que já dedicaram
mais horas de estudos aos assuntos avaliados, ou seja, os que têm mais passado
dedicado a esse fim. Na iniciativa privada, a seleção de currículos também se
dá pela lista de experiências vividas e pelos resultados já alcançados em
funções anteriores. Novamente, somos avaliados por nosso passado.
Diante dessas constatações, nossos atos do dia a dia se transformarão
nas linhas que constarão em nossos currículos profissionais. Zelar por nossas
atitudes, pelo desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos deve ser uma
fórmula ao alcance de todos que sonham com uma bela realização profissional.
Posto isso, vemos que não só um bom conteúdo teórico será suficiente para a
conquista da realização no trabalho, mas, acima de tudo, as boas atitudes.
Aquelas que nos tornam pessoas bem sociáveis, capazes de trabalhar em equipes,
integradoras, confiáveis e éticas – essas são as verdadeiras garantias de
longevidade e progresso na profissão.
O trabalhador formal, o autônomo e até mesmo o empresário serão
excluídos de qualquer convivência duradoura no ambiente econômico se não agirem
com bons modos. Tal profissional pode ser a maior autoridade em determinado
assunto, possuir um vasto conhecimento e domínio teórico do tema, mas sendo uma
pessoa intratável não logrará êxito no trabalho. E isso será registrado
definitivamente em seu passado.
Jack Welch, ex-presidente da GE – General Eletric, considerado “O
Executivo do Século” pela revista Fortune, disse certa feita durante um debate
em uma universidade americana, quando perguntado sobre “o que se deve dizer a
um jovem que almeja uma brilhante carreira profissional para que tenha sucesso:” “Apenas duas palavras”, gerando grande
expectativa no curioso auditório e completou: “boas maneiras!”.
Por certo, vemos com frequência a dificuldade de jovens obterem o
primeiro emprego. Contraditoriamente, os que têm “mais futuro” são os que
enfrentam maiores barreiras no acesso ao trabalho. Por isso, reafirmamos: estudar,
fazer cursos profissionalizantes, estagiar, participar de trabalhos voluntários
e comunitários é a fórmula para a geração de um bom e imutável passado. Invista em sua formação profissional e na construção
de uma rede de relacionamentos saudáveis, afinal, o bom futuro será fruto de um
passado bem avaliado.
Publicado no jornal Cinform em 30/04/2012 –
Caderno Emprego