A telefonia celular marca a história da humanidade de forma
totalmente inédita. Sabemos o quanto dependemos do telefone móvel e o quanto
somos influenciados culturalmente por ele. Diz uma anedota que a forma como
usamos o celular revela a nossa idade mental - IM. Se uma pessoa telefona para
confirmar se alguém recebeu um sms ou e-mail
que enviou, deve ter mais de 50 anos de IM.
Se, ao contrário, o sujeito recebe uma mensagem e responde com uma
só palavra, tipo OK, economizando escrita no incômodo teclado, então a esse se
atribui uma IM de 40 a
50. Agora, um cidadão que manda um sms
para informar que mandou um decadente e-mail, deve ter entre 30 e 40 anos de
IM.
Aos que possuem entre 20 e 30 anos de IM, o comportamento
atribuído é a capacidade de escrever longos textos nos torpedos sem sequer
olhar o teclado. Já os privilegiados jovens de IM abaixo de 20 são capazes de
escrever seus sms com o celular
dentro do bolso, sem que ninguém à sua volta perceba, nem pais ou professores,
mesmo quando estão conversando com eles.
Brincadeiras à parte, o fato é que a disseminação da telefonia
celular ocorre de forma tão avassaladora que não existe nenhum paralelo na
história humana. Mas se olharmos um gráfico comparativo entre o crescimento
populacional do planeta e o incremento de consagrados produtos como PCs, TVs,
internet e rádios FM, veremos que não há muita diferença. Quanto aos telefones
celulares, o mesmo não se pode afirmar, pois eles logo serão mais numerosos que
os sete bilhões de humanos existentes.
O último levantamento feito por Tomi Ahonem, especialista em
tecnologia móvel, revela que já são hoje 5,8 bilhões de contas de telefones
móveis para 5,3 bilhões de pessoas alfabetizadas. Isto é, toda a população do
planeta descontada dos adultos analfabetos e das crianças em idade pré-escolar. E
tudo isso nasceu na década de 90.
Os números dessa tecnologia móvel espantam a todos. É
desconcertante saber que existem mais usuários de celular do que de escova de
dente no planeta. Igualmente incômodo é vermos que há mais celulares que
pessoas atendidas por eletricidade em casa. Assim , há ou não algo de especial acerca
dos celulares?
A ligação das pessoas com seus telefones celulares é tão forte que
beira a compulsividade. De acordo com a Nokia, um cidadão comum consulta seu
celular, em média, 150 vezes por dia. Ou seja, a cada 6,5 minutos ele dá uma
olhadinha na tela do aparelho. Outro exemplo desse forte vínculo é que uma
pessoa reclama da perda do celular em até 13 minutos após o fato,
diferentemente dos cartões de crédito, cuja perda é comunicada no dia
seguinte.
“Antes uma pessoa entrava
numa casa em chamas para salvar fotografias. Hoje ela entra para resgatar seu
telefone celular”, declarou Jeffrey Hayzlett, diretor de marketing da Kodak, em
2010. Outra pesquisa revela que as mensagens sms são respondidas em até quatro minutos, enquanto um email é
respondido em 48 horas. Assim, os torpedos são 720 vezes mais rápidos que os
e-mails.
Essas constatações fazem do telefone móvel a sétima mídia de massa
surgida no mundo, atrás dos impressos, das gravações, do cinema, do rádio, da
TV e da internet. Isso significa que devemos dar atenção especial ao celular
como uma mídia tão diferente da internet, da mesma forma que a TV é do rádio.
Também na área das notícias, a Associated Press Managing Editors –
APME – abriu a conferência anual em Denver, EUA , em setembro de 2011, com uma
declaração bombástica: “o futuro das notícias está no celular”. Bombástico também é vermos que o celular é a
primeira mídia de massa pessoal, estando permanentemente conectado e sempre à
mão.
Além das interferências culturais citadas, o celular abala
diretamente os seguintes serviços e produtos: relógios, serviços bancários,
crédito, computadores, internet, telecomunicações, publicidade, música, jogos,
transmissões, impressão, mapas, câmeras, aparelhos de saúde, entre outros. Aconselho:
é melhor não se entusiasmar em demasia e equilibrar sua idade mental com a
cronológica. Afinal, o mundo precisa mais de pessoas sãs do que de celulares
amigáveis.
Publicado no jornal Cinform em 14/11/2011 –
Caderno Emprego
Publicado na revista
Tecnologia da Informação & Negócios nº 04/2011
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