Na economia do conhecimento as micro e pequenas empresas captam melhor as oportunidades de negócios inovadores. Esta afirmação se comprova quando analisamos as marcas mais valiosas do mundo e vemos a maior parte delas criadas a menos de três décadas e, invariavelmente, nascidas em garagens, alojamentos estudantis ou bibliotecas de campus universitário. É o caso da Microsoft, Google, Apple, Facebook, entre outras. No caso do Google, a proeza de se tornar a marca mais valiosa do planeta foi conseguida em menos de dez anos.
Conta-nos a história que o
conceito de interface gráfica para computadores pessoais nasceu na Xerox com o
nome de Alto. O jovem Steve Jobs, fundador da Apple, astutamente conseguiu uma
visita à Xerox para conhecer o projeto e, com sua inteligência superior, se
apropriou destes conceitos inovadores para disponibilizá-los rapidamente no seu
novo sistema operacional para computadores Macintosh. Este lançamento inovador
revolucionou o mercado a tal ponto de se tornar inspirador (para não falar em
pirataria) da Microsoft ao lançar o primeiro Windows. Também faz parte da
história a dependência imposta pela pequena Microsoft a gigante IBM na década
de 80 por meio do DOS, desenvolvido por Bill Gates para os inovadores
computadores pessoais da Big Blue.
Como se vê, as micro
empresas que atuam na área de conhecimento intensivo levam vantagens sobre as
grandes organizações hierarquizadas, susceptíveis a ruídos de comunicação
interna, cheias de entraves nos processos internos e movidas com grande energia
inercial, resistentes, portanto, a mudanças velozes.
A partir desse cenário de
perda de competitividade, as maiores corporações passaram a incentivar o
desenvolvimento de atitudes empreendedoras nos seus quadros de empregados. A este empreendedorismo
interno nas empresas dá-se o nome de intraempreendedorismo. Algumas dessas grandes
organizações conseguem realizar bem este desafiante intento, a exemplo da atual
Apple, da 3M e da Google, para citar algumas. As demais, na sua maioria, ainda
não conseguem consolidar o intraempreendedorismo como práxis institucional. Por
quê?
O intraempreendedor é um
colaborador da empresa disposto a ousar mudanças nos seus produtos e processos
visando inová-los, como forma de manter a competitividade e o pioneirismo da
marca. Desta forma, são eles que provocam as novas idéias, analisam cenários
mais livremente e não temem correr riscos. Então, são poucas as empresas
capazes de assimilar bem um funcionário que desacomode as estruturas internas
de poder. Porém, se essa resistência à mudança acontece de forma muito intensa,
é hora de acender o sinal amarelo porque a dinâmica empresarial moderna já não
permite estruturas pesadas, arcaicas ou autoritárias.
O intraempreendedor é
movido pelo questionamento e inconformismo. Com razão, afinal qualidade e
superação sempre são possíveis em todos os produtos, serviços e processos
criados pelo homem. Para isso, seu perfil é de buscar desafios, manter-se em
constante aprendizado, ser criativo e apaixonado pelo que faz. Além disso, deve
estabelecer metas, ter iniciativa, ser eficiente, planejar e acompanhar seus
projetos, ser altamente comprometido, persistente, convincente, atualizado e
autoconfiante.
Convém lembrar que saber
trabalhar em equipe e ser confiável são pré-requisitos basilares para o
profissional bem sucedido, não perdendo de vista que somos todos falíveis e que
mesmo os erros honestos podem acarretar prejuízos para as organizações. O
intraempreendedor, portanto, sabe que quem arrisca se expõe mais a possíveis
demissões e assim crê: calcular riscos é fundamental e inovar é sagrado.
Devemos levar em conta que
o intraempreendedor será bem aceito se a empresa for preparada estrategicamente
para mudanças e não possuir gestão centralizadora. No mais, é aceitar
incertezas e considerar que nenhum risco que corrermos na carreira profissional
será maior que aquele assumido quando nascemos. Afinal, ninguém sai vivo dessa
vida. Boa sorte!
Publicado no jornal Cinform em 03/10/2011 –
Caderno Emprego
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