Todos nós sabemos que o
conhecimento tem valor econômico. Sabemos também, que quanto mais se sobe na
hierarquia das organizações maior é a exigência de conhecimentos do ocupante do
cargo. Assim, da mesma forma que se exige maior formação intelectual dentro da
empresa aos que estão no topo da pirâmide, também o mercado, de forma geral,
hierarquiza o conhecimento como referência de valor.
É fácil ver que em um
moderno aparelho celular estão importantes conhecimentos agregados. Poucos
sabem fazer celular no parque industrial. O mesmo acontece com inúmeros outros
produtos industriais que são frutos de um conjunto reduzidíssimo de empresas
capazes de fabricá-los. Por que poucas empresas conseguem fabricar em condição
de competitividade produtos e serviços que possuem demanda garantida de
consumidores para adquiri-los? É aqui que entra o fator diferencial entre
organizações econômicas: o conhecimento. Porém, o mesmo conhecimento que
favorece uma empresa de ponta atual, será totalmente inútil em curto prazo se
houver mudança nos paradigmas de consumo ou produção. Por exemplo, a Motorola
foi referência em telefonia celular analógica, após a mudança da rede de
telefonia móvel para o sistema digital, tal liderança passou a ser da Nokia.
Por muito tempo a Sony foi praticamente única em equipamentos de som individuais,
desde o lançamento do walkman, ainda com fitas cassetes, e mais tarde com o
discman, tocador de CDs. Essa soberania foi perdida após a americana Apple
lançar a linha ipod, em outro paradigma tecnológico, não prontamente
acompanhado pela empresa japonesa.
Estes exemplos nos
apresentam claramente o valor que o conhecimento tem quando agregado a
produtos. Alguns autores, como o pesquisador Tom Coelho, afirmam que não
compramos produtos, mas apenas serviços. Ninguém compra uma furadeira porque
quer a furadeira em si.
Compramos , na verdade, os furos que necessitamos em nossas
paredes, serviço este, prestado pela incômoda furadeira. Desta forma, o conhecimento se torna ainda
mais valorizado economicamente, pois nos serviços ele é mais visível e, portanto,
passível de avaliação direta do consumidor do que nos produtos industriais em geral. Em um
restaurante, a limpeza de um prato é mais fácil de ser avaliada que um erro no
processo de fabricação do próprio prato que o deixou em desconformidade. É no
serviço que o conhecimento se realiza, enfim.
Conhecimento é poder. Por
isso, a educação dá poder às pessoas na medida em que as prepara para
responderem a desafios cada vez mais complexos e seletivos. A educação é o
caminho da liberdade porque emancipa o homem dando-lhe o poder de decidir com
mais segurança, e assim, adquirir o almejado livre arbítrio, uma exclusividade
humana. A capacitação, aliada a autoconfiança, produz milagres na evolução
profissional dos trabalhadores.
Gosto de usar como exemplo
do valor do conhecimento os dados econômicos do estado da Califórnia nos
Estados Unidos. Sua economia é diversificada, cerca de um terço de sua área é
ocupada por fazendas que produzem tanto, que fazem dela o maior celeiro da
agricultura americana. É o maior produtor de leite, carne bovina, tomate,
morango, melões, pêssegos e melancias e segundo maior produtor de laranjas,
além de uvas e vinhos. Dados, portanto, extremamente significativos para
qualquer economia tradicional. Porém, toda essa portentosa produção primária
responde por apenas 2% do seu PIB. Os produtos industriais propriamente ditos,
correspondem a 18% do PIB do estado, ai incluídas as grandes indústrias da
informática, telecomunicações e eletrônicos, também, as maiores do país.
Sobram, então, 80% do PIB que é completado pelo setor terciário, nele
compreendido o comércio e os serviços diversos. Destacam-se o entretenimento
fruto de Hollywood e a produção de software para os mais diversos fins.
Como vimos, apenas a
economia dos serviços californianos equivale a cerca de 125% de todo o PIB
brasileiro. Comparativamente ao nosso estado de São Paulo, a Califórnia, que
possui população aproximada, detém um PIB total cinco vezes superior. Tudo
isso, fruto do incremento de valor que o conhecimento dá a moderna economia.
Penso que o grande motor
da economia mundial moderna é a educação. Ela é o suporte do conhecimento e
este, precisa do empreendedorismo para se transformar em valor econômico. É
preciso mobilizar o conhecimento através de redes de colaboração interdisciplinares
para que possa acontecer inovação em larga escala e, conseqüentemente, gerar
riqueza. O que só será possível se houver a indispensável gestão do
conhecimento.
Publicado no jornal Cinform
31/05/2010 – Caderno Emprego
Publicado no Jornal do
Comércio / SE – Editorial jun/2010
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