Esse título é o tema da
palestra homônima proferida no SENAC de Sergipe durante as comemorações da
Semana da Inclusão Digital 2010, pelo professor Dr. Valdemar Setzer. Uma
palestra realmente empolgante que apesar de durar quase três horas, fez os
participantes não sentirem o tempo passar. O assunto deve ser tratado como uma
prioridade nos dias atuais, tal a escala de famílias que convivem com este
problema e uma grande parcela destas, nem sabe.
A internet pública é muito
nova. No Brasil só a encontramos neste formato comercial que a conhecemos hoje,
a partir de 1994, limitada a alguns lugares e com acesso caro e lento. Porém,
por conta de sua jovialidade não a devemos subestimar. A última pesquisa sobre
internet brasileira feita pelo CGIBR – Comitê Gestor da Internet no Brasil –
revela a existência de cinqüenta e quatro milhões de brasileiros usuários da
rede em 2008, número que deve ter aumentado muito até os dias de hoje. No
mundo, estima-se que em 2011 dois bilhões de pessoas, um terço da humanidade,
portanto, estará usando a grande rede.
A internet em si não é
ruim nem boa. Como qualquer tecnologia, seu uso pode ser construtivo ou destrutivo
para o homem. Eu, particularmente, sou um grande usuário da internet e nela
vejo, igualmente, grande utilidade.
Acontece que a internet
não inventou nada de bom ou de ruim para a alma humana. Tudo que nela se
manifesta já ocorria antes numa escala mais restrita, nos permitindo manter
distância segura do que nos ameaçasse. Enquanto tecnologia, a internet
revoluciona por ter suprimido o espaço geográfico. Nela, todos têm o mesmo
tamanho. Nela, não existe endereço da capital ou do interior. É realmente uma
libertação do homem em relação ao espaço físico.
E aqui começam também os
perigos. Se antes a geografia nos resguardava, pois conseguíamos manter nossas
famílias protegidas das mazelas do mundo quando passávamos a chave na porta,
hoje, não podemos mais dizer o mesmo. O professor Valdemar Setzer diz que
deixar uma criança ou adolescente com livre acesso a internet é equivalente a
largá-la sozinha à noite em uma esquina de São Paulo. Nós adultos temos
implantado em nossas cabeças o paradigma do espaço físico e não dimensionamos a
revolução que a supressão dele traz para a cultura humana. Por exemplo, ninguém
de boa fé elogiará um adolescente que furte um livro em uma livraria. Porém, se
este mesmo adolescente o fizer através de um download na internet será visto
como inteligente e praticamente todos pensarão que o jovem não causou mal
algum. Será que o crime está em roubar papel? Será que ao comprar um livro o
fazemos porque precisamos de papel ou de seu conteúdo?
Essa mesma falta de
entendimento da realidade virtual nos leva a minimizar a compreensão que
fazemos de seus possíveis problemas. Quando precisamos de ajuda em alguma área
do conhecimento, como Direito ou Arquitetura, procuramos um especialista que
nos oriente. Certamente, resistiríamos muito em aceitá-lo, se tal especialista
fosse uma criança ou jovem adolescente. Sabemos que a imaturidade é
(naturalmente) limitante para a responsabilidade e a compreensão das
conseqüências dos próprios atos. Assim, de pronto recusaríamos tal
“especialista”, já que procuramos alguém que nos dê segurança e saiba bem mais
que nós. Como disse o professor Setzer, qualquer adolescente de quinze anos
sabe bem mais que os pais sobre computação e internet. Aqui, eles são os
especialistas e nós precisamos de ajuda para acompanhá-los e sabermos o que
efetivamente fazem quando estão na internet. Apesar do amplo saber operacional
que possuem sobre computadores e sistemas, não deixam de ser adolescentes ou
crianças em sua essência, e como tal, sujeitos a enganos e ingenuidades típicas
da idade. Ingenuidade, aliás, que é a porta de entrada de predadores sexuais e
criminosos que buscam informações sobre os pais e a família para aplicação de
golpes financeiros em contas bancárias ou seqüestros, por exemplo. Os jovens
têm a maravilhosa tendência a achar que o mundo é bom, belo e verdadeiro e com
essa visão desenvolvem a certeza de mais tarde poder contribuir para a
humanidade com sua força e crença. E só serão adultos com energia para realizar
seus sonhos se esta visão do mundo for preservada. Nada contribuirá para o
desenvolvimento saudável de uma criança crer que o mundo é mau, isso só a
tornará um adulto inseguro. Assim, cumpre-nos o dever como pais e educadores,
de assegurar proteção aos menores para que fortaleçam suas almas em formação
com bons alimentos. Desta forma, o recomendável é não deixar crianças e
adolescentes livres na internet, ou melhor, crianças nunca deveriam usar a
internet, é o que defende o professor Setzer com a autoridade de quem publicou
inúmeros livros, foi professor titular do Instituto de Matemática da USP por
muitos anos, onde ainda leciona voluntariamente depois de aposentar-se, e
defende a preservação da infância e a educação integral dos seres humanos com o
radicalismo que sua titularidade acadêmica permite e sua paixão pela Pedagogia
Waldorf reforça.
Creio que vale a pena
saber mais sobre esse assunto e como agir junto aos filhos e outras pessoas
vulneráveis aos males cibernéticos. Pesquisem no Google com o seguinte
argumento: setzer proteger que encontrarão um artigo sobre o tema da
palestra, e uma porta para seu site com muitos artigos e resenhas, além de
slides de suas palestras. Também está disponível no SENAC o DVD gratuito com
essa palestra do professor Setzer por meio do email senac@se.senac.br
Publicado no jornal Cinform
05/04/2010 – Caderno Emprego
Nenhum comentário:
Postar um comentário