O famoso
lema da Revolução Francesa encerra nas três palavras ideais uma sabedoria que
transborda o efeito de marketing ou de engajamento revolucionário. Desde então,
elas formam um tripé de princípios que balizam o modelo social do ocidente. Daí
decorre, por exemplo, a divisão do Estado em três poderes correlatos:
Legislativo, Judiciário e Executivo.
Contudo, se
pode observar que falhamos no entendimento e na aplicação desses princípios.
Talvez, não tenhamos, enquanto sociedade, maturidade e racionalidade
suficientes para que a ordem social flua com baixos conflitos de interesses.
Também, nos cega a visão a paixão por ideologias raquíticas, frente à
complexidade da sociedade contemporânea e do próprio homem, ainda o mais
desconhecido objeto de estudo.
Ao longo da
história, países assimilaram esses princípios ordenadores de forma gradual e em
prazos distintos. Por certo, o primeiro princípio desejado e institucionalizado
foi o da Liberdade. A Constituição Americana, de 1791, dispõe no seu primeiro
aditivo: Liberdade de religião, de discurso, de imprensa e de livre associação.
De igual modo, os movimentos pelo fim da escravidão varreram todo o planeta,
apesar da derradeira Mauritânia só haver abolido em 1981 - inacreditável.
De forma
empolgante, o princípio da Liberdade vasou dos espaços do pensar humano para a ação,
tornando-se base do sistema econômico e, assim, distorcendo a harmonia, pela imposição
do capital sobre todos os demais pilares das estruturas sociais. Extremamente
motivador, o capitalismo se alia ao impulso natural do livre-arbítrio
desviando-o de seu curso saudável para transformá-lo, facilmente, em egoísmo
pragmático. Então, podemos ver claramente que a vida econômica não deve ser
gerida, a priori, pelo pilar Liberdade.
A Igualdade
é o segundo clamor social assimilado pelas constituições dos países. É mais
recente que o desejo de liberdade e está muito presente, especialmente quando
tratamos de Direitos Humanos: Igualdade de gênero, respeito a etnias, garantias
de direitos individuais, acesso igual a pessoas com deficiência ou casamento entre
pessoas do mesmo sexo. Enfim, todos devem ser tratados igualmente pela Lei.
A Declaração Universal dos
Direitos do Homem - DUDH, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas,
em 1948, dispõe: “Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a
igual proteção da lei”. Diante da clareza dessa Resolução, devemos clamar por
justiça contra todo ato que atente contra a dignidade humana. Contudo, mais uma
vez erramos quando aplicamos o princípio da Igualdade na vida econômica. Crer
que pessoas possuem as mesmas motivações interiores ou a mesma capacidade
produtiva é forçar uma realidade insustentável e perversa com as
individualidades. Toda ação humana, inclusive o trabalho, é única, portanto
desigual. Deixamos uma assinatura no que fazemos, pois nosso agir é uma
extensão de nós mesmos.
Assim, impor
igualdade na atividade econômica é desconhecer a realidade suprassensível, ou
imaterial, do ser humano. Dessa morte anímica decorre a desmotivação e a
improdutividade que minam os modelos econômicos planificados e, consequentemente,
empobrece os países socialistas/comunistas. Ademais, coletivizar contraria a
formação do livre-arbítrio.
Por fim, podemos
enxergar como futura tendência o clamor público pela Fraternidade ou
solidariedade (parece soar melhor). Esse deve ser o pilar da vida econômica
correta. Implica em modelos ganha-ganha, ou seja, de colaboração e cooperação.
“Fazer o bem sem olhar a quem” já é a regra número um do trabalho, porque temos
que fazer nosso labor da melhor forma que podemos e, na maioria das vezes, sem
sabermos para quem produzimos. Estamos mergulhados numa gigantesca rede de
serviços anônima e autônoma, a servir uns aos outros sem distinção, por meio do
nosso trabalho. Isto é, hoje, não produzimos para nós mesmos.
DUDH, Art. I: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e
direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas
às outras com espírito de fraternidade”.
Publicado no Jornal Cinform em 04/08/2014 - Caderno Emprego
Parabéns, Paulo, pela significativa abordagem desse tema crucial para a nossa sociedade. Sem a premissa da solidariedade, desumanizamo-nos. Conheci um sujeito tão ambiciosos que invertia essa lógica em um trocadilho: "fazer o mal sem olhar ao qual". Fico com o "fazer o bem sem olhar a quem". Boa tarde! (Prof. Ednardo Gadelha)
ResponderExcluirMuito obrigado Professor. Excelente contribuição.
ExcluirFraternidade me reporta ao valor incondicional do ser humano e neste princípio segue o amar ao próximo como a ti mesmo...a sinergia flui no ambiente e a laboridade torna-se significativa e criativa. Parabéns Sr Paulo do Eirado pelo artigo tão valioso diante da atual realidade social.
ResponderExcluirSempre sua seguidora! Socorro Melo
ResponderExcluirObrigado, cara Amiga.
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