O Brasil permite um universo muito restrito de possibilidades
legais para a terceirização nas empresas privadas e no serviço público. O nosso
desvario de regras faz do país um recordista em reclamações trabalhistas: são
cerca de 2 milhões de processos por ano, que comparado aos 75 mil dos Estados Unidos, revela um panorama
infernal sobre o tema.
Certamente, o excesso de regulamentação normativa gera desencontros
nos próprios códigos, alimentando, assim, as chances de conflitos. Além disso,
a superproteção ao trabalhador brasileiro é incoerente com o perfil demográfico
atual. Já é razoável flexibilizar a relação trabalhista entre profissionais de
nível superior e as empresas privadas, especialmente as micro e pequenas que
representam um imenso e frágil universo superior a 99% do total.
Também será bom para o País admitir terceirizados em áreas fins,
se menores de 26 anos e pelo prazo máximo de dois anos nas empresas públicas,
como forma de ampliar o acesso ao primeiro emprego por meio de uma experiência
realmente qualificada. Isso consolidará a formação desses aspirantes, que
poderiam candidatar-se ao processo seletivo público com mais bagagem e certeza
da própria vocação, evitando o tão comum desvio de função no serviço público.
Por certo, Getúlio Vargas, por mais visionário que fosse, jamais
teria condições de enxergar a complexidade do mundo de hoje, ao criar a Consolidação
das Leis do Trabalho - CLT. Ao longo dos mais de 60 anos de emendas na referida
lei, o Brasil conseguiu o impropério de punir os que mais empregam.
Mas, conforme o título deste artigo, vamos falar sobre estranhas
terceirizações. Michael Sandel, professor da Universidade de Harvard e autor do
livro “Justiça – o que é fazer a coisa certa”, nos aponta dois exemplos
intrigantes: na Guerra Civil Americana, em 1862, a obrigatoriedade do serviço
militar atingia a tradição liberal em sua base, que levou a União a abrir uma
ampla concessão: quem fosse convocado e não quisesse servir poderia contratar
outra pessoa para assumir seu lugar. Desta forma, tanto os combatentes do Norte
como os do Sul podiam ser contratados por preços de até US$ 1.500, valor
considerável na época.
Como alternativa, a União estipulou que o convocado que não
quisesse servir poderia ser dispensado mediante o pagamento de uma taxa de US$ 300,
que correspondia a um ano de salário de um trabalhador não qualificado. O
resultado é que dos 207 mil efetivamente alistados, 87 mil pagaram a taxa de
compensação, 74 mil contrataram substitutos e apenas 46 mil de fato serviram.
Este conflito ficou conhecido como “guerras dos ricos, luta dos pobres”.
Bem mais recente é este segundo caso: desde que se tornou possível
a fertilização humana “in vitro”, isto é, a fecundação de um óvulo e um
espermatozoide fora do corpo humano, surgiu um novo mercado de barrigas de
aluguel. Esse tipo de fertilização extracorpórea pacificou questões judiciais
anteriores sobre a verdadeira maternidade da criança, uma vez que, antes, essa
reprodução se dava a partir do conjunto óvulo + útero da gestante, vinculando
automaticamente a mãe biológica ao feto.
Essa tecnologia fez brotar um mercado considerável de mulheres
dispostas a abrigar, no ventre delas, o desenvolvimento do ovo importado,
serviço que realizado nos Estados Unidos custava até US$ 80 mil, entre despesas
médicas e a “locação da barriga”. Na cidade de Ananda, no oeste da Índia, em
2008, mais de 50 mulheres tiveram filhos para casais estrangeiros. O custo
total, nesse caso, fica em torno de US$ 25 mil, isto é, um terço do americano. A
mulher indiana recebe em nove meses US$ 7.500, o equivalente a 15 anos de
salário médio da região.
Esses são dois casos extremos de terceirização, ambos legais e
polêmicos. Desse modo, nem vamos tão longe, mas manter o que temos hoje – até
que a morte os separe -, para os contratos de trabalho é ver neles a mesma
missão do que no casamento civil, em que, também creio, ocorrem estranhas terceirizações.
Publicado no jornal Cinform em 09/07/2012 – Caderno Emprego
Realmente, Estranhas terceirizações.
ResponderExcluirSei que cada pessoa tem suas vontades e opiniões, mas quando se fala em vidas, aí a história deveria ser outra.
Na minha opinião a fertilização humana não poderia ser legal, apenas polêmico e ilegal.
Esta legalidade vai além das leis do maior criador de leis e vidas em nosso mundo, Deus. A muitos anos no Brasil foi adotada uma lei em que se poderia legalmente adotar uma criança, assim podendo um casal realizar seu grande sonho e tirar uma vida de possíveis misérias. Mas mesmos com tantas adoções, muitas crianças ainda ficavam em abrigos por muitos anos, após alguns anos, em 3 de agosto de 2009, o então presidente Lula, sancionou a nova Lei Nacional de Adoção, onde crianças não devem ficar mais de dois anos em abrigos de proteção, exceto se tiverem alguma recomendação judicial contrária. Com isso aumenta a possibilidade da adoção por ser ainda crianças até dois anos de idade.
Infelizmente nos dias de hoje muitas pessoas pensam que Deus fez errado, e tentam mudar diversas regras como essas só porque tem muito capital, sem falar que coloca vidas em risco.
Infelizmente e legal mas, a barriga de aluguel é ILEGAL, apenas parentes de 1º e 2º grau poderá fazer esse "empréstimo".
Até mesmo no casamento civil acontece coisas estranhas do tipo CASAMENTO COM DATA DE VALIDADE, a mesma está sendo discutida no México para ser legalizado.
Em que mundo estamos? Isso é amor ou desconfiança?
Enfim, cada um com sua vontade e opinião!
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Referência bibliográfica do texto abaixo.
http://vidaconcebida.com.br/catolicismo-reflexoes-do-autor.html
" O MILAGRE DA VIDA PERTENCE A DEUS, NADA SUPERA A SUA VONTADE.
O MÉDICO É SÓ UM “FACILITADOR”, UM INSTRUMENTO DE DEUS;
“O HOMEM PÕE – DEUS DISPÕE”. *1
É conhecido que somente uma parte dos tratamentos de Fertilização Assistida (menos do que 50%) tem resultados positivos. O médico é simplesmente um “facilitador”, um instrumento de Deus na produção da vida, pois não garante a gravidez e muito menos o sucesso dos tratamentos. Nesses procedimentos, só parte dos óvulos consegue ser fertilizada. Mesmo quando o embriologista injeta um espermatozoide dentro dele, só alguns embriões se desenvolvem e por fim só um ou outro embrião se implanta, ou, em grande parte das vezes, nenhum implanta, e o resultado é negativo. Os abortos naturais ocorrem em mais da metade das gestações espontâneas, com embriões sendo eliminados do organismo materno naturalmente, pela determinação divina. Deus decide se o embrião ficará ou não. O homem tem participação nula na manipulação da vida. E isso nos leva a pensamentos mais profundos sobre a impotência do ser humano frente ao poder de Deus. “Eu plantei, mas foi Deus quem a fez crescer”. (Cfr. 1 Cor 3:6)."
Só para acrescentar o que não postei no texto, defendo a adoção e não a Fertilização.
ResponderExcluirCaro Lucas,
ResponderExcluirobrigado por sua rica contribuição.
Eu que agradeço por seus excelentes textos!
ResponderExcluir:)