Ontem, Dia das Mães, certamente uma data especial. É quando almoçamos em família e dedicamos (ou deveríamos dedicar) uma atenção especial à mamãe – retribuição simbólica em relação à atenção que dela recebemos. Merece registro o efeito deste domingo de maio também para o comércio, considerado o segundo melhor período de vendas, perdendo apenas para o Natal.
Por todo esse simbolismo enriquecido por gestos amorosos de filhos
para com as mães deles, esse dia dispensa maiores comentários. Assim, vamos nos
ater ao dia seguinte (“day after”, em
inglês) e todos os demais 360 e tantos dias que o sucedem até um novo Dia das
Mães. Tão numerosos esses outros dias, que os fazem verdadeiro palco da luta
cotidiana, o famoso dia a dia, representando muito mais o que é ser mãe, que o
único dia do ano a ela consagrado.
Quando se desenvolve um trabalho educacional e formativo, como
fazem as mães cuidando dos filhos de qualquer idade, percebe-se que só surtirá
o efeito desejado quando realizado a longo prazo. Dessa forma, não há como crer
que algo acontecido em um único dia, por mais poderoso e marcante que seja,
será capaz de, por si só, resultar em efetivas mudanças. Isso porque, não se faz educação por decreto, mas apenas
através de um trabalho cotidiano e repetitivo, capaz de criar hábitos e
solidificar graus de crescimento moral, volitivo, social e cognitivo nos
educandos.
Esse é o grande papel exercido pelas mães na sociedade – zelar
pela coerência e persistência de um cotidiano saudável para a formação do
código moral e ético nos filhos. Cada vez mais, a permanente orientação firme e
amorosa de uma mãe é necessária para a criação harmoniosa das crianças em
virtude da crise moral e institucional crescente que vivemos.Hoje,questionamos
os valores morais coletivos e institucionais, a exemplo da igreja ou da pátria,
e nada repomos no lugar. E se rejeitamos esses padrões coletivos, criamos novos
códigos éticos pessoais a partir de que fontes? Ofertar essa fonte é o dever
que uma nova escola e família devem propiciar. Porém, enquanto nos ocupamos
prioritariamente com a formação cognitiva na esperança de termos jovens
inteligentes, podemos estar dando um tiro no próprio pé: desenvolver uma
inteligência egoísta, destrutiva socialmente e, portanto, poderosa mas carente
de um repertório de valores morais elevados.
Mais do que ser um adulto que gera crianças, à mãe, cabe o mérito
de ser alguém que gera adultos a partir de crianças. Essa é a heroica saga da
mulher numa família, papel compartilhado com o homem, mas não transferível por
razões de íntima essência da alma feminina, perfeitamente integrada a um corpo
que também não transfere ao homem o ventre fecundo e o poder de alimentar um
filho ao seio.
Vivemos em um País que reconhece e remunera muito bem a formação
escolar. O Prof. Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas – FGV - ,afirma, a
partir de exaustivas pesquisas socioeconômicas, que o Brasil incrementa os
salários em 15%,em média, por ano de escolaridade. Isso comprova o que já faz
parte do discurso das famílias que se sacrificam e insistem na boa educação dos
filhos, pois, sabiamente entendem que bons professores são caros; maus
professores, mais ainda.
Como uma estadista do lar, a mãe nos ensina o sentido da fé com a
convicção de que o longo prazo nos resgatará de qualquer situação adversa
atual. Prega também a certeza de que o maior inimigo de nossos sonhos é ceder
ao imediatismo sedutor. E isso é feito, incansavelmente, nos 366 dias do ano,
quando bissexto.
Nosso mais profundo respeito às mamães. Afinal, a sabedoria
popular ensina: “A mão que embala o berço governa o mundo”, o que reafirma o
erudito Goethe, nas palavras finais da segunda parte de Fausto: “O eterno
feminino nos eleva”.
Publicado no jornal Cinform em 14/05/2012 –
Caderno Emprego
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