segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Quem administra sua carreira profissional?



     Em uma rápida viagem no tempo, logo chegamos à época de nossos avós, especialmente às décadas de 1940 e 1950, quando viviam com escassez de emprego. Em Aracaju, por exemplo, nesse período só existia emprego na burocracia pública ou nos poucos bancos que por aqui operavam. Ademais, só uns raros e mal remunerados ofícios.


O emprego é uma aquisição recente na nossa estrutura econômica. Nossos antepassados criaram seus numerosos filhos tirando o sustento de pequenas unidades rurais e comerciais. Coisa muito difícil hoje.


Assim, construímos a sociedade atual alicerçada no emprego. Sonhamos com um bom emprego, mas pouco fazemos para chegar até ele. Por quê? Em geral, formamos gerações de seguidores e não de líderes. A escola premia os alunos que são mais passivos e cordatos com o status quo, aqueles que repetem a forma de pensar e interpretar do professor, em detrimento do pensamento próprio. Essa mesma escola prefere alunos que se mantenham limitados à esfera cognitiva, sem a respectiva atuação prática.


“O modelo educacional tradicional é impróprio para formar empreendedores porque condiciona à passividade”, afirma L.J. Filion, pesquisador canadense e um dos principais autores sobre empreendedorismo. Repetidamente afirmamos aqui que a boa educação deve atuar na formação do pensar, do sentir e do agir.


Infelizmente, só o pensar é educado pelos programas oficiais de nossas escolas. O desenvolvimento do sentir é apenas acompanhado indiretamente por elas, sendo formado pela convivência social espontânea - e perigosa - dos próprios alunos. Enquanto o agir é reprimido abertamente no atual sistema de ensino, pois, de nossas ações emergirão manifestações pessoais exteriores, decorrentes da vontade individual, que por não caber neste modelo combate-se desde cedo nas crianças. Pergunta-se: como podemos formar pessoas dinâmicas e inovadoras cuja atuação sempre trará mudanças à ordem das coisas?


Somos, muitas vezes, levados a pensar que, ao conseguir um emprego, tudo o mais de nossas vidas profissionais nos será dado pela empresa. Assim, acomodamo-nos passivamente. Ao mesmo tempo, vivemos a sensação de que algo decepciona nossas expectativas e nos voltamos contra o próprio emprego, alimentando um discurso destrutivo na tentativa de responsabilizar alguém pelo próprio fracasso.


Devemos imaginar que assim como no modelo escolar, em que evoluímos a cada ano, ao avançar para a série seguinte, inclusive trocando de escola, se necessário, fazemos acontecer a progressão e não aceitamos a repetição. Igualmente, devemos pensar em nossa carreira profissional: evoluir sempre. Olhar para frente objetivamente, definir onde queremos estar daqui a cinco ou dez anos, e fazer um plano para chegar lá. Esse plano, certamente, envolverá a construção de um itinerário formativo, contemplando os cursos e formações necessárias para se fazer cumprir o plano de carreira profissional. Esse é o caminho da liberdade que só a educação nos dá.      


De fato, todos nós conhecemos pessoas lamurientas e desagregadoras que sempre estão a falar mal das organizações que trabalham. Essa é a pior atitude profissional que se deve ter, pois representa a impotência e a incapacidade de decidir sobre a própria vida. Parecem esperar pelo “Messias” que vai resolver tudo para elas. Disso, surgem oportunistas que se apresentam como vendedores de ilusões para tirar proveito político do “sofredor”, num movimento perverso de retroalimentar sua baixa autoestima quando o saudável seria ajudá-lo a se emancipar do círculo vicioso de autodestruição.


Se não decidirmos por nossas próprias vidas, alguém o fará por nós, e dificilmente será em nosso favor. Este é um processo de terceirização de destinos, infelizmente tão presente em nossa terra brasileira. País que leva nossos jovens mais bem formados e talentosos a sonharem com concursos públicos e empregos burocráticos. Para muito longe, portanto, da atividade produtiva, única capaz de gerar riqueza e emprego para todos.   



 
Publicado no jornal Cinform em 29/08/2011 – Caderno Emprego
Publicado no Jornal do Comércio / SE – Editorial ago/2011

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Os quatro temperamentos humanos – Parte IV



     Ao final da nossa apresentação sobre o tema, apresentamos nesta edição mais dois temperamentos. O calmo fleumático e o forte colérico, opositores naturais. O fleumático – água - é possuidor de baixa energia e baixa excitabilidade. Voltado para dentro de si, está sempre ligado no seu próprio metabolismo. É calmo, acessível, agradável, e por isso, trabalha bem com os outros. É uma pessoa eficiente, conservadora, digna de confiança e espirituosa.


Fisicamente, o fleumático possui, em geral, olhos pequenos e sem brilho, mas o olhar, diferentemente do melancólico, é disposto e amigável. No seu rosto, tudo tende mais para o arredondado, o esférico, o que se traduz em uma expressão facial amável. Seu andar é bamboleante tal como se faz ao pisar na água. 


Gosta de se sentar para observar a pressa dos outros, sem se envolver diretamente nessas atividades e achando tudo divertido. Caracteriza-se também por adorar viver nos processos da gustação e desfrutar os importantes processos de ingestão de alimentos. Tende à obesidade e é fortemente ligado nos processos vitais. Vê o corpo como um laboratório de processamento do humor, isto é, se o metabolismo está bom, assim também estará o humor.


Vive muito no presente interior, tem facilidade de observar tudo o que se passa à sua volta, mas não costuma reagir. Tem alguma lentidão para entender o que lhe dizem assim como para agir. Contudo, uma vez entendido, gravará para sempre a informação. É um músico tranqüilo, a exemplo do instrumentista que toca um contrabaixo em um grupo de jazz ou rock, ou seja, destaca-se pela estabilidade em oposição aos demais da banda. A música ‘Deixa a vida me levar’, de Zeca Pagodinho, revela a fleuma típica. Na Bíblia é representado pelo cauteloso Abraão, que sempre precisou de estimulo externo para agir.


No trabalho é altamente organizado, zeloso, cuidadoso, persistente, tradicionalista e metódico, além de preso às normas. O aspecto negativo é a tendência à morosidade e indecisão. Em contrapartida, aceita como ninguém as rotinas mais rígidas.


Suas características são inigualáveis para artistas plásticos, cientistas, médicos, humoristas, auditores, contadores, diplomatas, professores, pesquisadores, dentre outras atividades que exigem disciplina e dedicação.


Por fim, o temperamento colérico – fogo, possuidor de alta energia e alta excitabilidade, é típico da pessoa aparentemente brava, líder, exigente, cumpridora dos deveres. Gosta de fazer as coisas e de vê-las terminadas. Extrovertido, sua cabeça fervilha de idéias otimistas. Seus olhos brilham irradiando o fogo interior da personalidade.


Quanto à forma de andar, o colérico pisa no chão com passos firmes, com o peso recaindo sobre os calcanhares. Em seu rosto, predomina a mandíbula e o pescoço é curto. É notável neste temperamento o predomínio do querer, que se caracteriza pela tendência de impor suas vontades sobre as dos outros, chegando facilmente a agir de forma impulsiva ou instintivamente. Costuma ter o chamado ‘pavio curto’.


Possui forte vínculo com o futuro e, por isso, precisa agir permanentemente. A energia do corpo necessita ser convertida em ações concretas e em enfrentamentos difíceis. Beethoven é um exemplo de compositor colérico, com suas peças completas e bem definidas. Mais popular, parece convergente o estilo musical de Alceu Valença.


Negativamente, costuma desprezar os que fracassam, toma decisões inquebrantáveis – é ‘cabeça dura’, se impõe acintosamente e tende a ser precipitado. A capacidade de realização aliada ao desejo de liderar e persuadir os demais faz do colérico um empreendedor nato. Dotado de espírito guerreiro, é ele que pavimenta a estrada por onde a humanidade caminhará.


Na Bíblia, Paulo revela as qualidades desse temperamento, antes de conhecer Jesus, quando era implacavelmente cruel com seus oponentes. No trabalho, possui a invejável performance de prosperar debaixo de oposição. Esbanja confiança, tem visão global, insiste na produção, é prático e realiza metas. Opostamente ao fleumático está o colérico. Devemos evitar a forte interação ou dependência mútua no trabalho e na escola, ou não se suportarão.





Publicado no jornal Cinform em 15/08/2011 – Caderno Emprego

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os quatro temperamentos humanos – Parte III




Existem quatro temperamentos humanos distintos e cada pessoa possui um único que é resultante da combinação deles. Nesta edição, vamos focar mais precisamente nas qualidades inatas destes e em seus reflexos no humor das pessoas, já que são construídos a partir de dois pilares fundamentais: energia e excitabilidade.

 Por energia devemos entender a disposição pessoal para utilizar do poder e da força. Por excitabilidade, compreenderemos a sensibilidade a estímulos externos. Vistos a partir de um plano cartesiano, os temperamentos se polarizam ao definirem afinidades entre quadrantes vizinhos e oposição entre os polos. Consultorias em gestão de recursos humanos nas empresas nos fazem entender mais sobre os temperamentos de duas formas:

 O primeiro é o melancólico – terra -, possuidor de alta energia e baixa excitabilidade. Voltado para dentro de si, camufla seu potencial energético. É o mais questionador, filósofo, planejador. Movimenta a vida com as idéias. Costuma ser perfeccionista, sensível, analítico, abnegado e amigo leal. É introvertido e raramente se impõe. Para ele, a vida é difícil e não tem muitos enfeites. Costuma considerar que temos que pensar com mais seriedade.

Fisicamente, o melancólico possui olhos sem brilho e pálpebras pesadas, que lhe conferem uma aparência cansada, especialmente pela manhã. Na postura, gosta de manter a cabeça inclinada para frente ou para os lados e os ombros caídos. Seu andar é pesado, refletindo o peso gravitacional que o elemento terra lhe dá.

É muito intuitivo e têm forte apego ao passado. Não foge do sofrimento, mas por outro lado, parece que ele o atrai. Aprofunda-se nos assuntos, é persistente, fiel e cumpridor dos deveres.

Chopin, famoso músico, é um forte exemplo de melancólico. Também, a música ‘Nem um dia’ de Djavan se estrutura numa atmosfera de evidente melancolia. Na Bíblia, o representante é Moisés.

No trabalho, orienta-se pelo horário, exige altos padrões de desempenho, é econômico, ordeiro, gosta de gráficos e tabelas, é minucioso e detalhista.

Essa típica energia interior faz do melancólico um artista nato para artes mais intimistas como a poesia e a pintura. Tem vocação para a educação, à pesquisa e à invenção. Seu olhar profundo lhe dá compreensão superior na observação de fenômenos naturais e relacionamentos humanos. Porém, carece de apoio externo para realizar suas idéias.

A segunda forma é a do sanguíneo – ar -, possuidor de baixa energia e alta excitabilidade, é voltado para fora, dotado de elevado dinamismo e superficialidade. É uma pessoa amigável, calorosa e simpática. Atrai as pessoas como se fosse um imã. Tem boa prosa, é otimista e despreocupado. Faz o tipo que alegra a festa. Adapta-se como ninguém ao meio ambiente e se ajusta aos sentimentos alheios. Seus olhos brilham e sua boca está sempre pronta para falar alguma coisa.

Caracteriza-o ainda o andar leve e flutuante, como se desconsiderasse a gravidade. Assim como o ar, seu elemento, o sanguíneo, preenche todos os espaços e o induz a fazer várias coisas ao mesmo tempo. Não tolera normas e rotinas, vive o presente exterior e tem dificuldade de se fixar em um assunto. Reage e se empolga com estímulos externos.

A aptidão pela música é tão forte que nos permite confirmar que o som só se propaga através do ar, seu elemento. Mozart, compositor, é um clássico exemplo, com sua genialidade e leveza musical. Típica, também é ‘A festa’ de Ivete Sangalo. Parece ser o temperamento majoritário da Bahia, com sua festa inesgotável e a frenética renovação de ritmos, danças e ausência de rituais disciplinados, exceto o de mandar a galera ‘tirar o pé do chão’.

A capacidade de adaptação aliada ao desejo de ser o centro das atenções faz do sanguíneo um artista nato do teatro e da música. Na Bíblia, Eva revela a natureza desse temperamento ao se deixar seduzir inconsequentemente.

No trabalho, é excelente vendedor, relações públicas, orador, recepcionista, enfim, desenvolve bem atividades que envolvem interação rotativa entre pessoas.

Como se vê, opostamente ao melancólico está o sanguíneo. Assim, convém evitar a interação forte entre ambos nos ambientes de trabalho e escola, ou um irá exaurir o outro.

(continua)  


Publicado no jornal Cinform em 01/08/2011 – Caderno Emprego