A história ensina que a economia se baseia em pilares de sustentação, em torno dos quais tudo gira. Quando olhamos o mundo moderno, isto é, da revolução industrial para os dias atuais, o que vemos é a passagem por paradigmas econômicos fundamentais. O primeiro desses está vinculado ao fazer, ou seja, às habilidades manufatureiras. Sua lógica determinante é a busca da eficiência e precisão nas fábricas, que consiste em montar com eficiência, ajustar tempos e movimentos humanos às máquinas e linhas de montagem e aumentar a eficiência energética. Enfim, surgem aí o fordismo e a administração científica de Taylor. Essa é a economia da habilidade.
Ficar parado
não é condição que se aplique à economia. Logo, vem a partir da segunda guerra
mundial, durante a chamada guerra fria, uma nova onda que rapidamente ocupa a
maior fatia da economia mundial contemporânea. É a economia do conhecimento. Nesse modelo, os ativos mais valiosos são
os produtos intangíveis, aqueles desprovidos de matéria ou extremamente
miniaturizados como, por exemplo, softwares, biotecnologia e transgenia,
entretenimentos hollywoodianos, patentes, marcas e direitos autorais. Essa
economia do conhecimento, no mesmo ritmo veloz em que se expande, também
exclui, na medida em que exige escolaridade, empreendedorismo, pesquisa e
inovação. Insumos raros para países periféricos, onde capital humano e capital
social se mostram escassos e só são alcançados a contento, no prazo de
gerações.
Vivemos
extasiados pelo pensamento, afinal, só aí somos verdadeiramente livres. Assim,
supervalorizamos o discurso bem pronunciado, ainda que vazio, a competição do
vestibular, a lógica cartesiana e fria da informática e até a racionalidade e a
inteligência de nossas crianças. Paralelamente, esquecemos ou tratamos de forma
distante a formação do caráter, as boas maneiras, a convivência harmoniosa e
produtiva, o trabalho em grupo, as ações voluntárias de ajuda social, o cuidado
com o meio ambiente, o respeito ao próximo e a muitos outros valores da alma
humana que precisam ser educados igualmente.
A economia
da atitude, título deste artigo, nos remete a uma zona invisível, sobre a qual
autores e formadores de opinião não costumam falar, mas, certamente representa
uma significativa parcela do PIB. Inúmeros consultores nos apontam que a
principal causa de demissão nas empresas é atitude ou comportamento inadequado,
chegando a representar mais de oitenta por cento do total das causas
apresentadas. Daí, em quanto eleva o custo das empresas a substituição precoce
de funcionários?
Vemos, a
todo instante, campanhas públicas para o combate à dengue. Muito da
proliferação do mosquito vetor decorre da atitude das pessoas em favorecer a
acumulação de água em vasos, garrafas, pneus, etc. Quanto custa a dengue à
sociedade? Da mesma forma, detritos, sacos plásticos e diversos entulhos
largados à rua são causadores de entupimentos de esgotos e drenos de águas da
chuva. Qual o prejuízo social de uma inundação urbana?
Dirigir
embriagado ou cometer imprudências ao volante são problemas comportamentais
caríssimos aos cofres sociais. Dos acidentes automobilísticos decorrem muitas
perdas irreparáveis como mortes e invalidez, além de danos materiais e serviços
hospitalares onerosos.
A violência
urbana, a corrupção, as drogas, o número de roubos de carros tão grande que
somente 3 ou 4 montadoras teriam condição de produzir o suficiente para repor
os carros roubados no Brasil, são comportamentos criminosos, decorrentes de
falhas de caráter.
O famoso cientista
e poeta alemão Goethe afirmava que “é na solidão que se educa o talento e na
torrente do mundo o caráter”. Desta sentença concluímos que educar o pensar,
sem educar o sentir e o agir produz pessoas potencialmente deformadas. Nossos
adolescentes vivem uma grande solidão, trancados em condomínios, transportados
para a universidade em condução escolar (sic), mergulhados na internet ou nos
games. Estão, assim, perdendo a oportunidade de desenvolver o social,
prioridade máxima dessa faixa etária. Apesar de serem extremamente talentosos,
muitos, porém, encontram-se inapetentes para o social. Pela falta de embates
nos contatos diretos com outros, como estão quanto ao desenvolvimento do
caráter?
Sou dos que
acreditam na educação e no seu poder de bem formar seres humanos. Desta forma,
não vejo possibilidade de crermos em educação sem a participação direta das
famílias na escola, nem nas escolas que educam para o vestibular. A educação
deve atuar no intelecto, na convivência e na ação, afinal, de tudo que estudamos
só ficamos com aquilo que pomos em prática.
Espero ver
esta nasciturna economia da atitude
em ação ao produzir uma sociedade de paz e reduzir o custo social gerado por
atos destrutivos. Concluo que educação é o melhor dos investimentos que se pode
fazer em um país. O
custo não é educar, é não educar.
Publicado no jornal Cinform
28/02/2011 – Caderno Emprego
Publicado no Jornal do
Comércio / SE – Editorial fev/2011
Publicado na revista
Tecnologia da Informação & Negócios nº 08/2012
Publicado na revista Jovem Empreendedor nº 01, maio/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário