terça-feira, 4 de janeiro de 2011

2011 - O Ano Internacional da Floresta




     A ONU – Organização das Nações Unidas declarou 2011 o ano internacional da floresta. A intenção é chamar à atenção de todos para o risco iminente de extermínio das florestas do planeta. As ameaças às florestas existentes vão desde a comercialização da própria madeira à ampliação das fronteiras agropecuárias com a criação de pastos e áreas de plantio, passando pelas carvoarias clandestinas que a tudo carbonizam.


A extinção das florestas implicará em inviabilizar a existência da própria humanidade. Não se trata de alarmismo vazio. É uma questão de lógica, senão vejamos: a natureza é sabia em suas construções, afinal, são milhões de anos de evolução até o momento presente. Disso resulta que os animais e as plantas, nas suas devidas especialidades são muitos mais eficientes que a nossa tecnologia industrial para a produção de materiais e no consumo de energia. Assim, o cimento da casca de um ovo de galinha ou da concha do mar são muito melhores que os derivados de nossas fábricas. O mesmo se pode afirmar do insuperável fio de seda produzido por uma aranha.


Hoje, a moderna ciência estuda a natureza com a finalidade de conhecer seus mecanismos e estruturas mais eficientes para copiá-los e aprender com eles. Chamam-se biomimética e biônica tais ramos científicos.


Do ponto de vista econômico, as florestas formam um estoque de biodiversidade equivalente a um imenso tesouro de conhecimentos a serem desvendados pela humanidade. Podemos crer que para todas as doenças existentes há de haver remédios naturais. Não é exagero pensar que se a doença é um desequilíbrio natural, então sua compensação deve estar no mesmo nível de natureza.


Mais vale uma Amazônia que qualquer reserva de pré-sal brasileiro. Como tendência, sabemos que o futuro econômico está no valor do conhecimento e não dos materiais em si. Isso já ocorre com as produções imateriais do entretenimento, das patentes, das marcas, do software, da cultura, dentre outros. Cresce a corrida por patentes da indústria farmacêutica geradas a partir da biodiversidade florestal, ao mesmo tempo em que as produções materiais perdem espaço na economia global, a exemplo do poluente petróleo. Dessa forma, o conhecimento está tão valorizado que faz com que 1 kg de satélite tenha o mesmo preço que 2.000.000 kg de soja.


Os quatro principais e maravilhosos biomas brasileiros são: Amazônia, Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Em todos eles é possível haver um manejo que equilibre o consumo com a reposição natural de forma economicamente viável. É possível ainda, que dessa maneira se possa ajudar a própria natureza à medida que se sanitiza o lugar e eliminam-se pragas e parasitários. Segundo especialistas em recuperação ambiental, a Caatinga mostra-se o bioma mais recompensador ao bom interventor por reagir com vigor e gratidão ao manejo responsável. Economicamente, deve-se limitar o trabalho à farta produção de excedentes florestais, para assim, explorar indefinidamente este manancial de riquezas e empregos.


Outros fatores que nos incentivam à manutenção da floresta estão ligados a soberania nacional. Historicamente, nenhum império sobreviveu à destruição de suas florestas. A floresta foi decisiva na derrota dos americanos na guerra do Vietnam. Nesse conflito a indústria bélica desenvolveu o conhecido “agente laranja”, desfolhante pulverizado por aviões com a finalidade de derrubar as folhas das árvores para localizar frentes inimigas dentro da mata. Algo parecido ocorreu com Portugal, cujo declínio imperialista coincide com a extinção do carvalho consumido sem limites na produção das embarcações.


Considerando que estamos no início de um novo ano, época de promessas e esperanças renovadas, penso oportuno dizer algo de visão muito pessoal sobre florestas, árvores e reino vegetal.


As árvores são os maiores seres vivos da Terra. Também são os únicos que ligam as forças telúricas minerais sólidas, a exemplo do intemperismo, com as forças celestes fluidas mais sutis, como o co2 e a radiação solar, usando a seiva líquida, como veículo de comunicação. As pequenas plantas de curtas raízes não conseguem cumprir esse mesmo papel. Daí, os cereais e as gramíneas não substituírem funcionalmente as florestas.


Por fim, aproveitemos para lembrar a história de Jesus Cristo, filho de um marceneiro, que morre numa cruz de Cedro, madeira que tem o estigma de ser incorruptível. Este mesmo Jesus, em uma de suas mais ricas passagens declarou que no trigo está Seu corpo e no vinho, derivado da uva, o Seu sangue. Tudo isso se refere ao reino vegetal, demonstrando diretamente a presença do Cristo nas plantas. Assim, nos cabe refletir se ao maltratarmos as florestas hoje, não estamos repetimos as chicotadas aplicadas no Seu corpo, há dois mil anos, com a mesma ignorância dos homens de então.        



 

Publicado no jornal Cinform 03/01/2011 – Caderno Emprego

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