A ONU – Organização das Nações Unidas declarou 2011 o ano internacional da floresta. A intenção é chamar à atenção de todos para o risco iminente de extermínio das florestas do planeta. As ameaças às florestas existentes vão desde a comercialização da própria madeira à ampliação das fronteiras agropecuárias com a criação de pastos e áreas de plantio, passando pelas carvoarias clandestinas que a tudo carbonizam.
A extinção
das florestas implicará em inviabilizar a existência da própria humanidade. Não
se trata de alarmismo vazio. É uma questão de lógica, senão vejamos: a natureza
é sabia em suas construções, afinal, são milhões de anos de evolução até o
momento presente. Disso resulta que os animais e as plantas, nas suas devidas
especialidades são muitos mais eficientes que a nossa tecnologia industrial
para a produção de materiais e no consumo de energia. Assim, o cimento da casca
de um ovo de galinha ou da concha do mar são muito melhores que os derivados de
nossas fábricas. O mesmo se pode afirmar do insuperável fio de seda produzido
por uma aranha.
Hoje, a
moderna ciência estuda a natureza com a finalidade de conhecer seus mecanismos
e estruturas mais eficientes para copiá-los e aprender com eles. Chamam-se biomimética
e biônica tais ramos científicos.
Do ponto de
vista econômico, as florestas formam um estoque de biodiversidade equivalente a
um imenso tesouro de conhecimentos a serem desvendados pela humanidade. Podemos
crer que para todas as doenças existentes há de haver remédios naturais. Não é
exagero pensar que se a doença é um desequilíbrio natural, então sua
compensação deve estar no mesmo nível de natureza.
Mais vale
uma Amazônia que qualquer reserva de pré-sal brasileiro. Como tendência,
sabemos que o futuro econômico está no valor do conhecimento e não dos
materiais em si. Isso já ocorre com as produções imateriais do entretenimento,
das patentes, das marcas, do software, da cultura, dentre outros. Cresce a
corrida por patentes da indústria farmacêutica geradas a partir da
biodiversidade florestal, ao mesmo tempo em que as produções materiais perdem
espaço na economia global, a exemplo do poluente petróleo. Dessa forma, o
conhecimento está tão valorizado que faz com que 1 kg de satélite tenha o mesmo
preço que 2.000.000 kg de soja.
Os quatro
principais e maravilhosos biomas brasileiros são: Amazônia, Cerrado, Caatinga e
Mata Atlântica. Em todos eles é possível haver um manejo que equilibre o
consumo com a reposição natural de forma economicamente viável. É possível
ainda, que dessa maneira se possa ajudar a própria natureza à medida que se
sanitiza o lugar e eliminam-se pragas e parasitários. Segundo especialistas em
recuperação ambiental, a Caatinga mostra-se o bioma mais recompensador ao bom
interventor por reagir com vigor e gratidão ao manejo responsável.
Economicamente, deve-se limitar o trabalho à farta produção de excedentes
florestais, para assim, explorar indefinidamente este manancial de riquezas e
empregos.
Outros
fatores que nos incentivam à manutenção da floresta estão ligados a soberania
nacional. Historicamente, nenhum império sobreviveu à destruição de suas
florestas. A floresta foi decisiva na derrota dos americanos na guerra do
Vietnam. Nesse conflito a indústria bélica desenvolveu o conhecido “agente
laranja”, desfolhante pulverizado por aviões com a finalidade de derrubar as
folhas das árvores para localizar frentes inimigas dentro da mata. Algo
parecido ocorreu com Portugal, cujo declínio imperialista coincide com a
extinção do carvalho consumido sem limites na produção das embarcações.
Considerando
que estamos no início de um novo ano, época de promessas e esperanças
renovadas, penso oportuno dizer algo de visão muito pessoal sobre florestas,
árvores e reino vegetal.
As árvores
são os maiores seres vivos da Terra. Também são os únicos que ligam as forças
telúricas minerais sólidas, a exemplo do intemperismo, com as forças celestes
fluidas mais sutis, como o co2 e a radiação solar, usando a seiva líquida, como
veículo de comunicação. As pequenas plantas de curtas raízes não conseguem
cumprir esse mesmo papel. Daí, os cereais e as gramíneas não substituírem
funcionalmente as florestas.
Por fim,
aproveitemos para lembrar a história de Jesus Cristo, filho de um marceneiro,
que morre numa cruz de Cedro, madeira que tem o estigma de ser incorruptível.
Este mesmo Jesus, em uma de suas mais ricas passagens declarou que no trigo
está Seu corpo e no vinho, derivado da uva, o Seu sangue. Tudo isso se refere
ao reino vegetal, demonstrando diretamente a presença do Cristo nas plantas.
Assim, nos cabe refletir se ao maltratarmos as florestas hoje, não estamos
repetimos as chicotadas aplicadas no Seu corpo, há dois mil anos, com a mesma
ignorância dos homens de então.
Publicado no jornal Cinform
03/01/2011 – Caderno Emprego
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