Inteligência Artificial (IA):
Ouse pensar!
Vamos voltar um pouco no tempo
para entender que as grandes transformações da sociedade humana, embora
desafiadoras, vêm acompanhadas de soluções evolutivas igualmente impactantes.
Assim convido a uma visita ao século XVIII, berço temporal da Revolução
Industrial e do Iluminismo.
Nesse tempo, como é sabido, a
Revolução Industrial surge na Inglaterra, impactando severamente a raça humana
ao superá-la fazendo bens e produtos com ganhos inimagináveis de produtividade
e qualidade. O ser humano de então, manufatureiro, viu sua aptidão física e
muscular em desvantagem frente à energia do carvão combinado ao vapor da nova
maquinofatura. Por certo o medo coletivo do “desemprego” deve ter atingido
muita gente.
Ainda no mesmo século, em
especial na França e Alemanha, a humanidade respondeu à ameaça provocada pela industrialização
emergente com um salto evolutivo que a afastou dessa competição espúria, uma
vez que os homens estavam vencidos pelas máquinas na condição de artífices. De
que forma? Com o surgimento do Iluminismo simbolizado pelo filósofo Immanuel
Kant (1724 – 1804), autor da frase “ouse pensar!” parafraseada no título deste
artigo.
A partir de um mergulho interior
no ser humano, o Iluminismo invoca o intelecto e eleva a condição humana com o
desenvolvimento das ciências, da organização social e política, da formação do
Estado, dentre outras conquistas legadas por revoluções ao redor do planeta, a
exemplo da Revolução Francesa (1789).
Quando visto nesse contexto, o
Iluminismo vem como resposta às ameaças causadas pela Revolução Industrial,
demonstrando a superioridade humana sobre as tecnologias que ele mesmo criou.
Após alguns poucos séculos desses
fatos históricos que resultaram em tantos ganhos para a humanidade, podemos
fazer um paralelo com os dias atuais, frente às ameaças da Inteligência
Artificial - IA sobre nós. Se lá atrás a força muscular foi derrotada pelas
novas formas de energias, hoje, o pensamento cartesiano e lógico parece repetir
a mesma derrota diante do desempenho das máquinas digitais com os fantásticos
algoritmos da IA na velocidade da luz. Fica a sensação que a Era da Razão, logo
da superioridade humana baseada nesse atributo, se esgotou e que inteligência
agora é coisa de máquina. Será que argumentos ainda convencem ou encantam
alguém? Que fazer com o “animal racional” diante das big techs?
É hora de partirmos para outro mergulho
interior em busca de novo movimento evolutivo construído a partir de faculdades
disponíveis sob a forma de potência dentro da infinitude humana. Quem sabe
iniciarmos a Era da Consciência, e assim superarmos novamente nossas próprias
criações tecnológicas nos elevando ao patamar de “animal consciente”.
Ouso sugerir a criação do
movimento “Idonealismo” de consciência e coração éticos que arraste a
humanidade à grandeza cósmica a que pertence. Isto é, a esferas supra planetárias
onde a internet não chega, mas a nossa consciência e amor já se fazem presentes:
“Conhece-te a ti próprio e conhecerás o universo e os deuses” Oráculo de Delfos.
Paulo do Eirado Dias Filho, pedagogo, Diretor Presidente do ITP – Instituto de Tecnologia e Pesquisa.
Publicado na revista eletrônica TI&N Edição 26 em 10/01/2025