Pesquisas em educação comprovam que somente
10% daquilo que estudantes adultos escutam em uma aula estará retido na memória
após 72 horas. Já, esses mesmos alunos fixarão 85% do que ouvem, veem e fazem
após igual período. Esse resultado deveria direcionar os educadores para que o “fazer”
e o “envolver” estejam mais presentes nas propostas educacionais.
Por isso, não basta apenas o
envolvimento do ser humano na esfera do “pensar”, através de estímulos lógicos
e racionais. É necessário, também, o envolvimento na esfera do “sentir”,
proporcionando estímulos interiores e emocionais. Dessa forma, o “sentir”
estimula o “querer”, transformando em vontade e ação.
É sabido por todos, da insuficiência
de nosso modelo educacional e familiar, que, combinados à fragilidade de nossas
políticas públicas para a juventude, geram um vazio na atenção aos jovens
brasileiros. Isso, em última análise, acarreta em aumento da vulnerabilidade de
nossas crianças e adolescentes frente a fatores negativos, a exemplo do consumo
de drogas, prostituição e criminalidade em geral.
Há poucos anos, o papel das
instituições era decisivo para estabelecer o modelo de código de ética e
moralidade a ser seguido por uma maioria. Além disso, a sociedade sabia distinguir
o certo do errado. Modelos não faltavam de código moral, cívico e ético, nas
igrejas, escolas, famílias, forças armadas, escotismo e outros mais, que
balizavam os comportamentos grupais. Hoje, com a descrença crescente nas
instituições, desprezam-se os valores e os códigos de conduta delas e, parece, busca-se
criar um padrão ético individual, altamente frágil e falível. O típico e
egoísta estilo “salve-se quem puder”.
Contudo, a intenção aqui não é fazer
juízo de valor sobre esses pilares sociais, mas levantar a seguinte questão: se
abandonamos o padrão moral destas instituições, hoje, formaremos nosso código
de ética individual a partir de quê? Da mídia? De discursos partidários? De redes
sociais? De marketing? Pois é, sem dúvida, vivemos um momento delicado.
Diante desse frágil cenário, gestores e
técnicos do Senac em Sergipe, desenvolveram uma metodologia de como ofertar aos
alunos um programa de apoio educacional que se propõe a ir bem além da
obrigação curricular e do cumprimento legal da Educação Profissional. Trata-se
da Plataforma de Engajamento – Senac Pleno, programa que nasce inspirado nos bons
resultados de dezenas de projetos transversais realizados nos últimos quatro
anos, que proporcionaram aos alunos exercitar práticas de convivência no
trabalho e no desenvolvimento coletivo de projetos criativos. Assim, além da
formação obrigatória, o Senac oferece vivências em atividades desafiadoras que fortalecem
a cultura da cooperação, o empreendedorismo, a empregabilidade, a cidadania, a
inovação, a imagem pessoal, a rede de relacionamentos, a saúde, o reforço
escolar e o acesso ao trabalho formal, entre várias outras.
Essa metodologia, inteiramente
desenvolvida aqui, permite o registro, a métrica, a avaliação e a geração de
gráficos correspondentes à atuação dos projetos pedagógicos nos seguintes arcos:
Conhecimentos (Aprender a Aprender), Habilidades (Aprender a Fazer) e Atitudes
(Aprender a Conviver), unindo parâmetros formadores das competências aos
pilares da Unesco para a educação no século XXI.
Esse “algo mais” já distingue o
egresso do Senac no ambiente de trabalho dele, posto que, nele, intenciona-se
qualificar pessoas para que estejam fora da curva (infeliz), presente nos
gráficos, a indicar que mais de 80% das demissões nas empresas decorrem de
problemas comportamentais.
A Plataforma de Engajamento – Senac Pleno,
corresponde ao inquestionável compromisso da instituição com o aluno, fazendo
da educação uma oportunidade dele experienciar a construção da própria
personalidade a partir de fontes saudáveis, éticas e até inesquecíveis. Uma
proposta de educação viva e coletiva, já que aprendem intensamente todos que
dela participam. Na dúvida, vivencie para saber!
Publicado na revista Tecnologia da Informação & Negócios nº13/2013