Inicialmente, desejo que
esse encontro histórico mundial seja a sede da sabedoria e da consciência
cósmica, compatíveis com a grandeza das decisões esperadas. Também que a
lucidez da inteligência amorosa e o desapego a valores secundários reinem nos
debates que produzirão novas políticas e regras de convivência harmoniosas em
nosso sofrido planeta.
Muitos dos pressupostos
basilares da nossa civilização estão ameaçados, desestabilizam,
consequentemente, a segurança de toda a humanidade. Pensadores modernos já
disseram que em nossa era “faltam-nos as estrelas fixas”. Essa afirmativa
revela, também o desencanto com a ciência que se expôs onipotente e redentora,
porém, na prática, desumana por essência. Desumana porque se fundamenta no mito
da neutralidade do observador que, em última análise, é o próprio ser humano:
subjetivo em seu todo, incompleto em seu desenvolvimento, plural nos olhares,
dúbio em suas decisões, tridimensional na relação com o tempo e com o espaço,
tetradimensional em relação aos reinos da natureza, pois se abstrai do reino
animal ao reconhecê-lo e classificá-lo, olhando-o de cima.
Com efeito, se a ciência
se sente desconfortável com a natureza do homem, então a quem ela se destina e
para quem ela serve? É possível o
domínio da natureza sem considerar a humanidade?
Vejamos esse clássico diálogo:
“Mas Messier de Laplace, e quanto a Deus?”,
indagou Napoleão. “Eu não preciso dessa hipótese”, respondeu o astrônomo
Laplace, ao explicar a Napoleão a teoria da origem do universo”.
A exclusão de Deus da
ciência, para afirmação dela, pode ter acarretado à eliminação automática do
próprio homem, por Sua imagem e semelhança. Essa lógica fria se mostra caduca
na própria ética legitimada pela ciência ao propor modelos redutores que
degradam para melhor dominar. Exemplo disso é o confinamento abusivo de
animais, como galinhas de posturas “plantadas em gaiolas” como se fossem
hortaliças em vasos, a lhes impor uma vida “vegetativa”. Método tão
desrespeitoso ao reino animal quanto aceito por todos.
A destruição da natureza é
a destruição do homem e vice-versa. Enquanto prevalecer a noção utilitária da
natureza e do ser humano como insumos do setor econômico e do Estado, nada de
melhor será possível fazer. Continuaremos sabendo tudo, mas fazendo errado. Talvez,
maquiando soluções ou envernizando fracassos até conhecer a intolerância da
fustigada natureza. Assim, é um mero espelhamento o tratamento que damos à ecologia
em relação à visão egoísta e míope de nós mesmos.
Ampliar a imagem do ser
humano, estimular o desvendar da vida, da alma, do espírito e do corpo, além da
própria natureza pela via do conhecimento para a formação de uma nova
consciência, é a proposta que vejo como a mais adequada para respondermos ao ultimato
que, hoje, temos nas mãos. Tenho fé de que logo seremos capazes de encontrar os
caminhos da superação.
Goethe, poeta, escritor e naturalista alemão
do século XVIII, origina uma proposta real de método qualitativo para pesquisas
científicas. Já Rudolf Steiner, filósofo austríaco do século XX, autor da ciência
espiritual Antroposofia, oferece propostas concretas e laicas de organização
social, pedagogia, medicina, agricultura, entre outras aplicações, todas exequíveis
para harmonizar o desenvolvimento do homem com a natureza em perfeito equilíbrio,
sem prejuízo ao crescimento econômico, governamental e espiritual da sociedade.
Estes são apenas alguns vultos grandiosos que não compactuaram com o poder
contemporâneo, em meio a outros.
Disse Thomas Huxley, frio
defensor de Darwin: “Não é menos respeitável ser um macaco modificado em vez de
barro modificado”. Penso que o nobre
cientista falhou ao “materializar” o sentido literal de macaco e barro.
Faltou-lhe poesia para ver no barro a união dos quatro elementos – terra, água,
ar e fogo. Eu nem sou criacionista, mas prefiro ver minha origem numa metáfora
de barro a uma genética de macaco. Não é só questão de gosto.
Publicado no jornal Cinform em 11/06/2012 – Caderno Emprego
Simplesmente fantástco...
ResponderExcluirParabéns pelo texto!
Caro Lucio Flávio,
ExcluirObrigado e um grande abraço.