O ano de
2015 marca os 70 anos de divisão da Coreia. Após a rendição do Japão na Segunda
Guerra Mundial, em 1945, acordaram União Soviética e Estados Unidos dividir o
território da Coreia – que estava sob domínio japonês; em duas partes, à altura
do paralelo 38.
Assim, a Coreia
do Sul estabeleceu um regime capitalista autoritário, vinculado aos
norte-americanos; enquanto a Coreia do Norte implantou um regime autoritário
comunista, aliado aos soviéticos.
Já, em 1950
a Coreia do Norte invade a do sul visando reunificar o país, desencadeando a
conhecida Guerra da Coreia, palco de confronto entre Estados Unidos e União
Soviética com apoio da China, que durou mais de três anos.
Ao encerrar
o conflito armado, permaneceu o clima da Guerra Fria por prazo indeterminado.
Contudo, nessa época, as regiões Norte e Sul da dividida Coreia apresentavam
indicadores econômicos e sociais equivalentes, com ligeira vantagem para o
Norte, até a década de 1980.
Os
diferentes modelos de governança e prioridades de investimentos promoveram um
abismo emblemático entre os dois países, transformando a Coreia do Sul na
décima maior economia do mundo, com padrão de renda europeu para seus cidadãos.
Paralelamente,
a Coreia do Norte apresenta a renda per capita de seus habitantes equivalente a
dos africanos subsaarianos.
Enquanto a
ditadura permanece na Coreia do Norte reprimindo a propriedade privada, a
inovação, a participação popular e qualquer manifestação de livre iniciativa,
por considerá-las atentados a sua economia planificada e aos planos militares
(que consomem 40% do PIB), sua população sobrevive a partir de ajudas
humanitárias externas, posto que por lá grassa a fome e a morte prematura.
Hoje, seus vizinhos do Sul vivem em média dez anos a mais e possuem renda per
capita 22 vezes maior.
As
disparidades entre as Coreias derrubam várias teorias sobre desenvolvimento
econômico, dentre elas a que credita à região geográfica ser ou não propícia a
produção de riquezas; ou a que atribui à ética protestante uma maior afinidade
com a riqueza; ou ainda, a que vincula a capacidade empreendedora ou de geração
de riquezas a razões étnicas.
São inúmeros
os comparativos entre a economia brasileira e a coreana do Sul. Chega a ser
surrada a informação de que em 1960 a renda per capita do brasileiro era o
dobro da coreana. Atualmente, a coreana (do Sul, obviamente) é três vezes maior
que a nossa.
Além disso,
existem 100 mil jovens coreanos do Sul estudando em universidades americanas,
enquanto os nossos não chegam a 10 mil. Ademais, 18% de nossos jovens possuem
nível superior (ou estão cursando). Já, entre os jovens deles, apenas 18% não
frequentaram o ensino superior.
Contudo,
essa arrancada desenvolvimentista da Coreia do Sul é fruto de uma política
muito bem pensada e executada em longo prazo e que se caracteriza pelo bom uso
do recurso público. Lá, apenas 4% do PIB se destina a Educação e o
analfabetismo chegou à zero, quando há 50 anos era 35%, assim como o
brasileiro.
Esse cenário
comprova a assertividade das políticas públicas que conciliam promover Educação
com Empreendedorismo. Com efeito, a Educação favorece a pesquisa tecnológica e
o crescimento do Capital Humano, ao tempo em que o Empreendedorismo desenvolve
o Capital Social necessário para que os negócios prosperem e aconteça a “destruição
criativa” causada pela permanente inovação tecnológica.
Dessa forma,
a presença do Estado é obrigatória para fomentar o crédito, a
desburocratização, a geração de emprego e a segurança jurídica para os bons
investimentos privados.
Ou seja, há
de se ofertar uma institucionalidade inclusiva para a economia e para a
política, única razão capaz de demonstrar a diferença entre os desenvolvimentos
das duas Coreias em tão breve tempo.
Por fim, nos
resta como brasileiros impedir que institucionalidades extrativistas nos levem
na desastrosa direção da Coreia do Norte. Seja todo o Brasil ou alguma de suas regiões
mais pobres. Os mesmos olhos que procuram luzes na foto noturna do satélite na invisível
Coreia do Norte, também não veem nada na maior parte do Nordeste do Brasil.
Publicado
no jornal Cinform de 26/01/2015 – Caderno Emprego
Publicado na revista TI&N n°22 – Fev/2015
Publicado em http://www.administradores.com.br/artigos/empreendedorismo/desenvolvimento-empreendedorismo-educacao/84349/
Publicado na revista TI&N n°22 – Fev/2015
Publicado em http://www.administradores.com.br/artigos/empreendedorismo/desenvolvimento-empreendedorismo-educacao/84349/