domingo, 4 de outubro de 2015

São as águas de Marte...


As notícias da semana dão conta da mais nova descoberta do espaço sideral: o planeta Marte possui água em estado líquido. É bem verdade que se trata de uma verdadeira salmoura, visto que a 20ºC negativos ainda está líquida, tamanho a quantidade de sais presentes no precioso mineral líquido.

Sejam muito bem vindas, ciência e tecnologia com suas descobertas transplanetárias. Realmente, quando pensamos em tecnologia, ainda que seja a dos gringos, nos sentimos todos orgulhosos com os feitos da raça humana. De fato, tecnologia tem cheiro de perfeição.

Brevemente, é previsível, estaremos fazendo selfies em Plutão ou até, quem sabe, na Ursa Maior e, liberando a internet do seu atual confinamento no planeta Terra para todo o universo. Levaremos, portanto, o Facebook a outros seres, ditos extraterrestres e, então, na hora de postar nossas melhores fotos, entraremos em choque com a triste paisagem nelas exibida.

A descoberta, tão intrigante quanto anunciada, da água marciana deveria nos servir para uma profunda reflexão. Comemoramos a presença da água contaminada a zilhões de quilômetros de casa e não somos capazes de cuidar e tomar medidas capazes de revitalizar o vizinho e potável rio São Francisco ou atenuar a escassez hídrica que se generaliza em todo o País.

Assustador pensar que as notícias dos grandes feitos tecnológicos desviam a atenção dos problemas reais gerados por nosso modelo capenga de desenvolvimento. É uma verdadeira cortina de fumaça ver tanta água em Marte e nenhuma no Velho Chico ou na Cantareira. Com efeito, soa tão estranho crer que a água de Marte trará solução para a sede da humanidade quanto esperar pela paz a partir do planeta símbolo da guerra.

Se para a tecnologia a palavra de ordem é PERFEIÇÃO, para o meio ambiente terrestre tal palavra parece ser EROSÃO e, para a ordem social, talvez seja EXCLUSÃO. Enquanto nos preocuparmos com a chance de levar vida humana ao planeta vermelho e deixarmos água parada em pneus, penicos e vasos nos terrenos baldios vizinhos, atraindo e produzindo Dengue e, ainda, jogarmos lixo e resíduos nas ruas a entupir bueiros, alagando as cidades; não podemos dizer que estamos nos desenvolvendo de forma saudável, civilizada e humana; apesar de conhecermos tudo sobre Marte. Também não é suficiente denunciar ou pronunciar discursos contundentes e faltar o gesto ou, carecer de ação efetiva.

Alô, alô marciano, depois de destruir o meio ambiente terrestre, a humanidade já está de olho no seu jardim. Se cuida, desumano.




  Publicado no Jornal da Cidade - Caderno A em 04/10/2015
  Publicado em 05/10/2015 no site http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/sao-as-aguas-de-marte/90784/

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O Brasil com “S” é o Brasil que dá certo


  
O propósito inicial desse texto é apresentar aos gestores públicos do Poder Executivo da União, o equívoco incutido nas medidas econômicas anunciadas recentemente. Diz a imprensa, que Medidas Provisórias estão sendo elaboradas para realizar importante e necessário ajuste fiscal. Não cabe aqui discorrer sobre as razões que levaram à desastrosa situação econômica, fiscal e política a que chegamos em nosso País. Mas sim, que existe uma saída que comprovadamente dá certo: Educação.

A mesma imprensa divulga que o Governo intenciona retirar recursos constitucionais privados e destinados ao “sistema S” (leia-se Senac, Sesc, Senai, Sesi, Sebrae, Sest, Senat, Senar e outros) para apropria-los nas contas públicas. Além de arbitrária, tal medida, de constitucionalidade duvidosa, trará pioras a situação do Brasil em curto, médio e longo prazos, por retirar recursos de setor de produtividade mais alta para outro de menor. A esse respeito, disse o ex-ministro e ex-deputado federal Delfim Netto, em entrevista recente: “Dizem que vão usar a verba do sistema S. Ora, meu Deus do céu! R$ 1 do sistema S produz infinitamente mais que R$ 1 na mão do governo.”

Senão vejamos: O Governo Federal lançou em 2011 o exitoso Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), com a finalidade de ampliar a formação técnica e a qualificação profissional do brasileiro, elevando assim, o nível produtivo e competitivo do trabalhador, em especial do mais jovem. A Presidente Dilma anunciou no final de 2014 o cumprimento da meta de oito milhões de matriculas Pronatec no primeiro mandato e, na ocasião, em cerimônia no Palácio do Planalto, agradeceu às instituições ofertantes de vagas de cursos profissionalizantes, o empenho de todos. A mandatária da Nação, ainda exibiu gráficos e números comprobatórios do sucesso do Programa, nos quais o Sistema S realizou nada menos que 83% de todo o Pronatec. 

Tal sucesso da parceria Pronatec/Sistema S se deve à disponibilidade de 70 anos de investimentos privados colocados a serviço do Governo Federal e não fica apenas na retórica. Em agosto deste ano, o Brasil sediou a Olimpíada Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, World Skills 2015, evento que acontece a cada 2 anos ao redor do mundo. Nessa ultima edição, o Brasil conquistou o inédito primeiro lugar, agraciado com 27 medalhas e 18 Certificados de Excelência, conforme segue: 11 medalhas de ouro, 10 medalhas de prata e 6 de bronze. Até então, a melhor posição brasileira havia sido um 5° lugar com oito medalhas, em 2013, na Alemanha.

Comprovando a qualidade de padrão mundial da educação ofertada pelo Senai e Senac, todos os 27 medalhistas brasileiros foram alunos representantes dessas escolas, sendo que 25 deles assistidos pelo Pronatec. O que demonstra cabalmente o êxito da parceria.

Como dirigente do Senac em Sergipe, sempre orientei as ações institucionais na direção das políticas públicas de Educação consistentes, como é o Pronatec. Além disso, o Senac/SE pratica em volume superior a qualquer outro programa, o PSG – Programa Senac de Gratuidade -, assegurando, com o próprio orçamento, o acesso a formação profissional de qualidade a pessoas de menor renda. Da soma dessas ações resultam números absolutamente transformadores da realidade presente do jovem e do trabalhador sergipano. Apenas nessa escola sergipana mais de 2% de toda a população do Estado concluiu seus cursos profissionais gratuitamente nos dois últimos anos. Ou seja, são quase 50 mil sergipanos qualificados pelo Senac GRATUITAMENTE em 2013 e 2014. Além disso, o Senac/SE foi ao pódio em todas as edições nacionais do Prêmio Pronatec Empreendedor e já é finalista novamente em 2015.

Diante de tão expressiva e positiva realidade fica difícil crer que esse êxito não seja do interesse do Governo Federal, na medida em que reduz a pó o Pronatec em 2015 e depois ameaça o funcionamento do Sistema S. Afinal, será que o que dá certo na Educação destoa da “Pátria Educadora”?



Publicado no Correio de Sergipe de 30/09/2015 – Caderno B
Publicado em 01/10/2015 em http://www.jornaldacidade.net/noticia-leitura/235/92321/o-brasil-com-s-e-o-brasil-que-da-certo.html#.Vg0AF_lViko
Publicado em 01/10/2015 em http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/o-brasil-com-s-e-o-brasil-que-da-certo/90699/


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Apresentação do livro de cordel "Aracaju em Cordel"

   
Apresentação

   Aracaju é um lugar especial. Cidade de belas paisagens e povo hospitaleiro, composto único de ribalta luminosa com timidez juvenil. Já lhe traduzi como a capital que “nessa terra tudo brilha sem os astros esconder”, sempre a reafirmar a serena capacidade de enaltecer seus valores sem desconstruir os alheios.

   Aracaju. Apresentar este exemplar homenageando-te é acreditar que a literatura popular brasileira, especialmente o nordestino cordel, converge definitivamente a métrica dos poemas com a tua metropolitana regra; as estrofes sextilhas com o desenho esquadrejado de tuas planejadas ruas; e a leitura da tinta negra no papel com as impressões sensórias que transmites aos que vivenciam a tua paisagem com calma.

   Parabéns a tantos resistentes artistas populares, amantes de Aracaju, que com persistência mantêm viva a poesia de raiz. Oxalá, que o ausente apoio da grande indústria midiática se converta em fé e inspiração para o nascimento de inquebráveis e esperançosos versos que contribuam, com o orgulho dos que “fazem a sua parte”, na construção da imortalidade.

   Aos leitores, nossos votos de que passeiem pela cativante Aracaju viajando em versos numa rica vivência interior. E que, pelo desejo dos autores, todos os poemas se lhe tornem poesia.

   Paulo do Eirado Dias Filho



Apresentação do livro de cordel "Aracaju em Cordel" lançado em 17/07/2015 no restaurante Cacique Chá em Aracaju/SE

quarta-feira, 25 de março de 2015

Águas do São Francisco e outras finas aguarias


O ano de 2015 encerra a Década da Água (2005/2015), assim proclamada pela ONU – Organização das Nações Unidas, com o objetivo de alertar a humanidade sobre a finitude desse recurso. O Brasil, infelizmente, parece encerrar essa década juntamente com a própria água. Nosso país, sempre reconhecido pela abundância de água doce, se vê em uma crise hídrica sem precedentes.
Vale lembrar que nesse mesmo Brasil, durante a Conferência da ONU para o Meio Ambiente, ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, se deliberou que o dia 22 de março passaria a ser considerado o Dia Mundial da Água. Desde então, anualmente se escolhe um tema central para a data, sendo para 2015: “Água e Desenvolvimento Sustentável”.
Nosso país, rico possuidor de quase 15% da água doce do planeta, a possui distribuída de forma desigual. A bacia amazônica detêm 80% desta, ficando o restante para as demais regiões de forma repetidamente desigual, ao sacrificar o Nordeste. Contudo, o regime pluviométrico aliado ao uso indiscriminado das reservas e o desmatamento, estão levando a região Sudeste a enfrentar inédito desabastecimento de água.
Com efeito, a riqueza da água, supera em muito a necessidade de consumo humano, estimado em 10% de todo o uso, restando à indústria e à agricultura o restante. Vejamos algumas curiosidades quantificáveis:
Embora seja um mineral, a água é o único encontrado nos três estados na natureza. Isto é, sólido, líquido e gasoso. É considerada o solvente universal, graças a sua capacidade de solubilizar inúmeros produtos e elementos químicos.
Apenas 2,5% da água existente na Terra é classificada como “água doce”. Dessa quantidade, 0,5% encontra-se em depósitos subterrâneos e 0,01% em rios e lagos. Muito finita, portanto. Durante um período de 100 anos uma molécula de água passa aproximadamente 98 anos no oceano, 23 meses em forma de gelo, 3 semanas em lagos e rios e 1 semana na atmosfera.
A todos, enriquece a leitura da excelente apostila “Os quatro reinos da natureza”, escrita pelo médico, Dr. Gerardo Blanco (in memoriam). Texto que apresenta importantes aspectos qualitativos sobre esse elemento, como segue abaixo:
É o mineral que mais se aproxima dos reinos superiores, sendo veículo da ideia de vida.
Sempre descreve formas orgânicas reveladoras nos seus rastros.
Contraria a gravidade por meio do empuxo, cujo vetor aponta para o cosmo. Igualmente sobe, sem qualquer auxilio, em tubos capilares.
Em contato com a Terra assume forma tridimensional, moldada pelo relevo. Opostamente, assume característica bidimensional quando voltada para o céu, que espelha com sua superfície superior plana; ou ainda, quando no limite da atmosfera terrestre forma cristais planos (neve), impossíveis de serem gerados em baixa altitude.
Inúmeras experiências revelam que a água possui “memória”, alterando suas características pelas substâncias nela dissolvidas, ou pela ocorrência de eventos cósmicos às quais se submeteu. Dessa interação cósmica/terrena, a medicina homeopática faz da água seu principal veículo medicamentoso.
Contudo, água, ou melhor, a falta desta, nos traz de volta ao Brasil, onde notícias tristes recentes anunciaram a primeira seca da história da nascente do rio São Francisco e o desesperado clamor pelo abastecimento na maior cidade do país. Além, do iminente risco de racionamento elétrico causado pelo insuficiente estoque hídrico.
Paralelamente, a vivência da seca pelos paulistas, faz do admirado estado um lugar cada vez mais nordestino. Lá, por exemplo, a Câmara de Vereadores de Birigui aprovou por unanimidade, projeto do vereador Vadão da Farmácia (PTB), que institui o 'Caldo de Jegue' como prato típico da cidade. A iguaria é feita há dez anos pelo comerciante Manoel Marques Espedo, de 67 anos, o popular Mané Simpatia. Por certo, simpatizante do típico animal do árido sertão.
         Se o pitoresco “Caldo de Jegue” de Birigui e o foie gras (fígado inchado de ganso), citado na Odisseia de Homero, formam legitimas iguarias; o mesmo já acontece com águas raras como as mineiras magnesianas de São Lourenço e as da nascente do São Francisco; ou ainda, as da sofrida Cantareira. Verdadeiras aguarias.


       Publicado no jornal Cinform de 30/03/2015 – Caderno Municípios
       Publicado no Correio de Sergipe - Caderno B em 25/03/2015
       Publicado em 22/03/2015, no site http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/aguas-do-sao-francisco-e-outras-finas-aguarias/85861/

segunda-feira, 2 de março de 2015

O melhor cliente do mundo


Notáveis marqueteiros dizem que a venda mais importante que se realiza é a segunda, para um mesmo cliente. Sinal que ele aprovou a primeira experiência e repetiu. Porém, quantos são os lojistas que mantêm seus negócios focados na satisfação do cliente? Infelizmente, não é difícil encontrar comerciantes que ainda veem o consumidor como um objeto estranho ao bom funcionamento de sua casa comercial, o conhecido mal necessário.
Para o experiente consultor de marketing César Souza, autor de livros sobre o tema, a empresa saudável deve “vestir a camisa do cliente” e colocá-lo no centro do próprio organograma, de forma a tê-lo como astro central, em torno do qual toda a organização deve orbitar. Para materializar a questão, César Souza desenvolveu o conceito de Clientividade.
Embora lançado em 1998 e ainda pouco praticado, o conceito de Clientividade é muito lúcido e oportuno; e parte dos seguintes pressupostos básicos: Os clientes não compram produtos, compram a realização de sonhos; cada cliente é um vendedor e não apenas um comprador; todos os colaboradores de uma empresa são vendedores.
Recentemente, o autor lançou novo livro, sob o título “A NeoEmpresa – O futuro da sua carreira e dos negócios no mundo em reconfiguração”, no qual revisita a clientividade, projetando-a para a empresa do futuro. Dessa forma, César Souza aponta práticas corretas para que as “neoempresas” atinjam sucesso em um mundo extremamente volátil:
1-    Colocam o cliente no centro do organograma. Cuidam dele e não apenas do produto.

2-    Transformam clientes em “apóstolos”. Conquistam fãs em vez de clientes, pois conhecem a sua alma, entram no seu imaginário, sabem quais são seus sonhos e antecipam desejos.

3-    Vendem o tangível e o intangível - o não produto: confiança, credibilidade, transparência, personalização e flexibilidade.

4-    Antecipam as necessidades do cliente e o educam para o que necessita, não fazendo apenas o que ele deseja.

5-    Entendem, atendem, oferecem, segmentam, conhecem e customizam, ao contrário da sequencia tradicional que primeiro oferece para depois atender e só então entender.

6-    Estabelecem pontos de compra (PDCs) e não pontos de venda (PDVs).

7-    Transformam canais de distribuição em parceiros integrados, em vez de apenas tratá-los como meros canais.

8-    Encantam talentos para encantar clientes, pois sabem que não existe cliente encantado em empresa com talentos infelizes.

9-    Oferecem soluções integradas a seus clientes, em vez de apenas produtos.

10- Usam a tecnologia como recurso para facilitar a vida dos clientes e não para impor normas unidirecionais.

11-  Motivam todos na empresa, do porteiro ao presidente, a ser responsáveis pelo relacionamento com os clientes.
O segredo, portanto, é tão sutil quanto efetivo. A oferta final vai além do produto ou da busca original do cliente. Ela envolve solução, como foi dito. Assim, não é a fachada ou a prateleira da loja que resulta em fidelizar o cliente, especialmente em um mundo com tantas commodities e mercadorias padronizadas. Vejam que o que diferencia a empresa moderna da ultrapassada está no intangível ou no imaterial, e não na data de sua fundação.
Uma revolução copernicana se faz necessária para colocar o cliente no centro do universo empresarial e assim, por meio do servir, tocar a alma do comprador. Isso mesmo! Coloquem mais alma e mais humanidade nos seus negócios. Aliás, como disse Antoine de Saint-Exupéry: o essencial é invisível aos olhos.
As palavras-chaves são: atitude, empatia - se colocar no lugar do cliente-, credibilidade, confiança, entendimento, entregar e servir. Coisas que não aparecem diretamente nas rubricas do balanço nem no preço da empresa, contudo podem valer mais que tudo isso. As marcas Microsoft, Apple ou Google valem mais que a soma dos seus ativos tangíveis. Quem sabe, o mesmo acontece com o centenário Quintana’s Bar? Onde Carlos Drummond de Andrade, poeticamente leu o invisível do negócio:
"No Quintana's Bar,
sou assíduo cliente.
É um bar que não é bar,
é um bar diferente”.

Publicado no jornal Cinform de 02/03/2015 – Caderno Emprego
Publicado em 02/03/2015 no site http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/o-melhor-cliente-do-mundo/85327/
Publicado na revista TI&N nº 23 - abr/2015

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Desenvolvimento = Empreendedorismo + Educação


O ano de 2015 marca os 70 anos de divisão da Coreia. Após a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, em 1945, acordaram União Soviética e Estados Unidos dividir o território da Coreia – que estava sob domínio japonês; em duas partes, à altura do paralelo 38.
Assim, a Coreia do Sul estabeleceu um regime capitalista autoritário, vinculado aos norte-americanos; enquanto a Coreia do Norte implantou um regime autoritário comunista, aliado aos soviéticos.
Já, em 1950 a Coreia do Norte invade a do sul visando reunificar o país, desencadeando a conhecida Guerra da Coreia, palco de confronto entre Estados Unidos e União Soviética com apoio da China, que durou mais de três anos.
Ao encerrar o conflito armado, permaneceu o clima da Guerra Fria por prazo indeterminado. Contudo, nessa época, as regiões Norte e Sul da dividida Coreia apresentavam indicadores econômicos e sociais equivalentes, com ligeira vantagem para o Norte, até a década de 1980.
Os diferentes modelos de governança e prioridades de investimentos promoveram um abismo emblemático entre os dois países, transformando a Coreia do Sul na décima maior economia do mundo, com padrão de renda europeu para seus cidadãos.
Paralelamente, a Coreia do Norte apresenta a renda per capita de seus habitantes equivalente a dos africanos subsaarianos.
Enquanto a ditadura permanece na Coreia do Norte reprimindo a propriedade privada, a inovação, a participação popular e qualquer manifestação de livre iniciativa, por considerá-las atentados a sua economia planificada e aos planos militares (que consomem 40% do PIB), sua população sobrevive a partir de ajudas humanitárias externas, posto que por lá grassa a fome e a morte prematura. Hoje, seus vizinhos do Sul vivem em média dez anos a mais e possuem renda per capita 22 vezes maior.
As disparidades entre as Coreias derrubam várias teorias sobre desenvolvimento econômico, dentre elas a que credita à região geográfica ser ou não propícia a produção de riquezas; ou a que atribui à ética protestante uma maior afinidade com a riqueza; ou ainda, a que vincula a capacidade empreendedora ou de geração de riquezas a razões étnicas.
São inúmeros os comparativos entre a economia brasileira e a coreana do Sul. Chega a ser surrada a informação de que em 1960 a renda per capita do brasileiro era o dobro da coreana. Atualmente, a coreana (do Sul, obviamente) é três vezes maior que a nossa.
Além disso, existem 100 mil jovens coreanos do Sul estudando em universidades americanas, enquanto os nossos não chegam a 10 mil. Ademais, 18% de nossos jovens possuem nível superior (ou estão cursando). Já, entre os jovens deles, apenas 18% não frequentaram o ensino superior.
Contudo, essa arrancada desenvolvimentista da Coreia do Sul é fruto de uma política muito bem pensada e executada em longo prazo e que se caracteriza pelo bom uso do recurso público. Lá, apenas 4% do PIB se destina a Educação e o analfabetismo chegou à zero, quando há 50 anos era 35%, assim como o brasileiro.
Esse cenário comprova a assertividade das políticas públicas que conciliam promover Educação com Empreendedorismo. Com efeito, a Educação favorece a pesquisa tecnológica e o crescimento do Capital Humano, ao tempo em que o Empreendedorismo desenvolve o Capital Social necessário para que os negócios prosperem e aconteça a “destruição criativa” causada pela permanente inovação tecnológica.
Dessa forma, a presença do Estado é obrigatória para fomentar o crédito, a desburocratização, a geração de emprego e a segurança jurídica para os bons investimentos privados.
Ou seja, há de se ofertar uma institucionalidade inclusiva para a economia e para a política, única razão capaz de demonstrar a diferença entre os desenvolvimentos das duas Coreias em tão breve tempo.
Por fim, nos resta como brasileiros impedir que institucionalidades extrativistas nos levem na desastrosa direção da Coreia do Norte. Seja todo o Brasil ou alguma de suas regiões mais pobres. Os mesmos olhos que procuram luzes na foto noturna do satélite na invisível Coreia do Norte, também não veem nada na maior parte do Nordeste do Brasil.


          Publicado no jornal Cinform de 26/01/2015 – Caderno Emprego
          Publicado na revista TI&N n°22 – Fev/2015
          Publicado em http://www.administradores.com.br/artigos/empreendedorismo/desenvolvimento-empreendedorismo-educacao/84349/