Intuitivamente,
avaliamos a inteligência e o conhecimento de alguém com quem conversamos, mais
pelas perguntas que faz do que pelas respostas que dá. Embora, curiosamente, as
avaliações de conhecimento mais formais se façam através das respostas nas
provas da escola ou dos concursos públicos.
É
sabido que tudo no universo está relacionado entre si formando uma rede
infinita. Ainda que não seja de fácil compreensão, estudiosos dos fenômenos
naturais, como Goethe e atuais pesquisadores da física subatômica, por meio de
seus estudos comprovam essa realidade. Valendo-se do princípio de que tudo
espelha o todo, a prática terapêutica de diagnosticar pela íris, da acupuntura,
ou do Do-in, com seus mapas do corpo
inteiro e sabedoria milenar, comprova essa verdade.
Conhecer
as inúmeras relações e as leis gerais do universo é o grande desafio da nova
ciência, holística e integradora, ao invés de reducionista e fragmentadora,
ainda vigente. Nesse contexto, pessoas já se movimentam atentas a esse novo
paradigma e começam a desenvolver um modo de vida mais conveniente para o
planeta sob a ótica socioambiental, além de desenvolverem produtos, serviços e
valores a serem adotados por todos num futuro próximo.
Seguramente, a resposta para nossa dúvida pode
estar presente em tudo, desde que façamos a pergunta certa. Por isso, podemos
estar no cinema assistindo a um filme qualquer e em uma cena recebemos um insight que nos mostra a solução para
uma angústia que nos atormentava há dias. Isso pode acontecer no aniversário de
uma criança, em um sonho, ou outra situação cotidiana, aparentemente
desvinculada do problema. O que prova, a meu ver, que não foi uma resposta que
chegou do nada, mas sim, a pergunta que finalmente formulamos corretamente,
mesmo que de forma inconsciente.
Robert
H. Frank, professor de economia, autor do livro “O naturalista da economia”, é
um dos que acreditam que a melhor forma de ensinar conceitos complicados da
economia é através das perguntas
mais curiosas dos seus alunos, estimulados por ele. No livro estão algumas: Por
que os teclados dos caixas eletrônicos de drive-in possuem código em braile, se
cegos não podem dirigir? Por que a geladeira possui lâmpada interna que se
acende automaticamente ao abrirmos a porta e o freezer não? Por que o leite é
vendido em recipientes retangulares, enquanto os refrigerantes vêm em
embalagens cilíndricas? Por que, em alguns automóveis, a porta do tanque de
gasolina fica do lado do motorista enquanto em outros fica do lado do
passageiro? Por que os DVDs são vendidos em embalagens muito maiores que as dos
CDs, embora ambos os discos tenham exatamente o mesmo tamanho? Por que as
roupas femininas são abotoadas a partir da esquerda, enquanto as roupas
masculinas o são pelo lado direito? Essas e outras perguntas são respondidas
categoricamente a partir de fundamentos econômicos.
O
bom professor estimula seus alunos a fazerem perguntas. Por certo, a
interdisciplinaridade fará conexões - com nexo - entre a pergunta aparentemente
mais descabida com o assunto em pauta, gerando uma oportunidade desafiadora e
envolvente de aprendizagem.
Um
caminho para estimular esse hábito consiste em se fazer as perguntas mais
abertas possíveis, de forma a permitir várias respostas corretas. Ilustrando:
se a pergunta oral for “quanto é 2+2?” automaticamente apenas um aluno acertará
ao responder “4!” Excluindo todos os demais. Melhor seria perguntar à classe “4
é igual a?”, o que permite tantas respostas corretas quantos sejam os alunos,
estimulando o raciocínio, a criatividade e respeitando a habilidade mental de
cada um.
E,
para provar que fazer boas perguntas é uma arte, apresentamos essa pequena
estória: “Um padre escreveu ao Papa perguntando se era
permitido fumar enquanto rezava. O Papa, à luz de seus princípios, respondeu
que não, pois rezar é um ato que exige dedicação absoluta. Outro padre, também
fumante inveterado, resolveu fazer a mesma consulta, mas invertendo um pouco a
formulação. Perguntou se era permitido rezar enquanto se fuma. A resposta veio
positiva: é claro que sim, pois é bom rezar em qualquer situação.”
Publicado no jornal Cinform em 20/02/2012 –
Caderno Emprego
Publicado na Revista Fecomércio em 04/2013
Publicado na Revista Fecomércio em 04/2013